Para a Polícia Civil de Joinville, o homem apresentado na manhã desta terça-feira de Carnaval, na DIC, é um “sintonia final do Estado” ou “final do Estado”, o que na gíria do Primeiro Comando da Capital (PCC) significa que ele é a liderança maior, responsável pelas mensagens e comunicados em Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

Os delegados Laurito Akira Sato e João Adolpho Fleury Castilho estão convictos de que o homem comandava o grupo criminoso e dava as ordens para a execução de crimes em Joinville. Segundo os delegados, foram apreendidas cartas do PCC na casa em que ele vivia com a mulher, também presa. Porém, a identidade do casal e essas provas não foram apresentadas à imprensa durante a coletiva de imprensa.

Leia as últimas notícias de Joinville e região

A reportagem de “A Notícia” apurou que o homem apresentado pela Polícia Civil é Claudinei Rengel, de 38 anos. O homem tem diversas passagens pela polícia desde 2002 e dois períodos de condenações cumpridas parcialmente, uma no sistema penitenciário de São Paulo, entre 2009 e 2010, e outra em Joinville, entre 2014 e 2015.

Continua depois da publicidade

Ele estava foragido da Justiça em Santa Catarina e foi preso em flagrante pelo porte de um revólver calibre 38 e por fazer parte de organização criminosa, conforme o que diz a Lei 12.694, a legislação criada em 2012 e para punir organizações criminosas e definir uma série de dispositivos para a investigação e a obtenção de provas.

Segundo apurou a reportagem de “A Notícia“, o homem foi preso em 2009 em São Paulo, por assalto e associação ao tráfico de drogas. Na cadeia, já em 2010, ele e outros quatro presos foram acusados de cavar um túnel para tentar fugir. A defesa de Rengel alegou que ele apenas “assistiu” aos colegas e não participou da escavação. Quando os agentes prisionais encontraram o buraco, também descobriram drogas e acusaram Claudinei de porte de entorpecentes.

Foi durante esse período de convivência com presos de São Paulo que ele teria tido acesso ao PCC e entrado voluntariamente para a facção, se prontificando para comandar o grupo e aliciar novos integrantes no Norte de Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

De volta a Joinville, em maio de 2014, Claudinei e outros dois homens participaram de um assalto que até hoje é lembrado pela ousadia. Eles se vestiram com uniformes da Polícia Federal e chegaram a plotar um carro preto, roubado, com o adesivo da Polícia Federal. Assim, tentaram roubar uma joalheria dentro de um shopping, mas foram descobertos porque os seguranças desconfiaram e chamaram a verdadeira Polícia Federal.

Pelo assalto, Rengel se viu novamente diante da Justiça. A juiza Karen Francis Schubert Reimer o condenou pela prática do crime previsto no artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal, ou seja, roubo violento, à mão armada, em bando. Beneficiado por uma nova decisão, ele conseguiu sair no fim de 2014 do sistema prisional de Joinville, mas deveria voltar em janeiro de 2015. Não voltou.

– Além do flagrante pelo porte de armas e pela participação na organização criminosa PCC, ele tem dois mandados de prisão em aberto, um em Santa Catarina e outro em São Paulo – disse o delegado Fleury.

Continua depois da publicidade

O destino de Rengel e da mulher não foi informado pela Polícia Civil. É possível que, além de em Joinville, ele seja ouvido em Florianópolis.

Mais de 50 agentes buscam por corpo de jovem decapitado em Joinville

Morte de adolescente decapitado em Joinville repercute em todo o país