O bar é modesto, mas representa a simplicidade e sossego que quem passeia e vive na região da Grande Florianópolis também gosta de aproveitar. No cardápio, apresentado em uma folha de ofício, os preços são justos e a qualidade do pastel de camarão e iscas de peixe não deixam dúvidas, foram pescados naquela mesma manhã. Depois de um dia de praia, ou de trabalho, ou de nada, o fim de tarde na praia da Camboa fica melhor no Rancho Bar Petisco, da família Ocker, uma das primeiras a chegar em Governador Celso Ramos.

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Em uma das mesas colocadas dentro do rancho, que mantêm a beleza crua das paredes de madeira e do chão de areia batida, Adir de Jesus Cardoso e Genésio Silveira de Souza tomam sua cerveja, contam histórias, discutem e conversam como velhos amigos. O primeiro é engenheiro agrônomo e lamenta a falta de balneabilidade na Ilha de Santa Catarina, onde morava. Já Souza é engenheiro civil e prevê que locais como o Rancho Bar Petisco serão cada vez mais raros:

— Trabalho em Porto Belo, lá o morador local já perdeu espaço e esse tipo de lugar se perdeu. Esse é o único lugar que conheço que mantém esse chão de areia, essa característica de servir o pescado fresco. Espero que aqui dure mais — comenta Souza.

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A julgar pelos comentários e risadas entre os dois senhores, Cardoso agora concorda com o raciocínio de Souza e os dois continuam a proza, a poesia, a trova, os causos, a conversa, enquanto os barcos de pescadores balançam suavemente, ancorados no mar, porta afora do rancho. Lá, além do mar, onde se observa a Ilha de Santa Catarina, prédios e pontes, é distante. Ali, é presente.

— Estar aqui é um privilégio, é singular — resume Cardoso.

A cena contagia. O desejo é ficar, estar. Para que voltar, ter que fazer, obrigações? Chato. Bastava essa simplicidade, um rancho, bons amigos, um amor e a vida mansa. Miro Ocker toca o rancho, confia no boca-a-boca que trouxe muita gente nova nos 13 anos em que o rancho virou bar.

— Era bastante local, hoje nossos pastéis são conhecidos e comentados até mesmo na Alemanha e, claro, Argentina. Mas assim já está bom. É só fazer com carinho, tratar bem e deixar as pessoas voltarem — conta Ocker, revelando o segredo.

Ali o som não chega, apenas ruídos dispersos.

— Bem diferente de Jurerê Internacional, não é? Basta ver como é o lugar — compara Souza.