A relação de Vilmar Potrich, 67 anos, com o Natal ganhou maior importância há cerca de 15 anos. Nessa época, a barba começou a embranquecer, e Potrich assumiu o papel de Papai Noel da família. Logo, a brincadeira virou atividade remunerada. Desde 2009, ele é o “bom velhinho” do Floripa Shopping, na Capital, e diz que a atividade é válida em todos os sentidos.
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– A melhor parte é ver a felicidade das crianças. Minha esposa fala que eu me transformo quando coloco as vestes vermelhas – afirma Potrich, que teve de engordar alguns quilos e usar enchimento debaixo da roupa para incorporar o personagem-símbolo do Natal.
Para ser um bom Papai Noel, Potrich também toma cuidados especiais com a barba, que é branca naturalmente. A partir do mês de maio, ele não a corta mais e penteia diariamente os fios. Mantê-la branca e bem cuidada é talvez a parte mais fácil da profissão.
Paciência, sensibilidade e carisma com as crianças são itens fundamentais para desempenhar a atividade. Conforme a gerente de marketing do Floripa Shopping, Monica Freitas, esses fatores são determinantes para a contratação do ídolo da criançada no período de Natal.
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– Tem que ter um perfil doce, paciente, que ame o Natal. Não é fácil encontrar alguém que seja parecido (com o Papai Noel), que incorpore o espírito natalino e tenha essas características – destaca Monica.
Contratação do Papai Noel começa cedo e remuneração ultrapassa os R$ 8,5 mil
A rotina é puxada. Em shoppings centers, o horário varia das 14h às 22h e o profissional começa a trabalhar no mês de novembro.
Luiz Antônio Ferreira, 53, é Papai Noel há quatro anos e neste Natal atuará pela primeira vez no Continente Park Shopping, em São José. Para ele, conciliar o emprego de bom velhinho com o de vendedor em uma distribuidora de queijos e derivados é compensador. Ferreira cita como diferencial na função de Papai Noel o diálogo com as crianças. Quando está diante delas, ele aproveita para reforçar os valores familiares.
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– Se as crianças pedem um tablet de presente, eu tento convencê-las a pedirem um brinquedo ou uma bola – conta.
Pelo segundo ano seguido, a NBastian Fotografia e Comunicação, de Joinville, é a empresa responsável pela contratação dos papais noéis do Grupo Almeida Junior em Santa Catarina.
O proprietário da agência, Nilson Bastian, afirma que é difícil encontrar pessoas com o perfil de Papai Noel, principalmente em função da disponibilidade de tempo e pelas características exigidas do profissional. Para garantir a contratação, Bastian começa a busca em janeiro.
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Conforme ele, o cachê varia de R$ 8,5 mil e R$ 13,5 mil pela temporada, ou seja, do início de novembro até o Natal. As noeletes, assistentes de trabalho, recebem cerca de R$ 2,1 mil no período. Além desses valores, eles ganham vale-alimentação e transporte. Papais noéis mais conhecidos cobram até R$ 25 mil.
>>> Perfil
Deve ser paciente, carismático e ter bom relacionamento com crianças
Ter aparência semelhante a do bom velhinho (em alguns casos exige-se altura acima de 1,80 metros, peso em torno de 140 quilos e barba branca com 10cm a 15cm de comprimento)
Ter mais de 50 anos de idade e experiência em ações de Natal
>>> Para se candidatar
Para se candidatar nos próximos anos, basta enviar currículo para o setor de RH dos centros comerciais de sua cidade até metade do ano.
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Neste período, as empresas de recrutamento realizam a seleção. Em SC, a NBastian recebe currículos pelo e-mail nbastian@nbastian.com, e seleciona os candidatos a Papai Noel.
>>> A história
A imagem que temos do Papai Noel hoje foi inspirada em São Nicolau, bispo católico que viveu no século IV. Diz a lenda que Nicolau presenteava as crianças no dia de seu aniversário, em 6 de dezembro. Nos séculos seguintes, o mito se espalhou pela Europa e a data da entrega de presentes acabou se confundindo com o nascimento de Cristo.
Quando a história chegou na Alemanha, no século XIX, o bom velhinho ganhou roupas de inverno, renas, um trenó de neve e uma nova casa: o Polo Norte. A silhueta rechonchuda, o rosto barbudo e os trajes vermelhos que conhecemos apareceram pela primeira vez na revista americana Harper’s Weekly, em 1881. Depois, em 1931, ela passou por uma nova transformação para a criação de um anúncio para a Coca-Cola.
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Fonte: Frei Luiz Carlos Susin, professor de teologia da PUC-RS