O papa Francisco revelou “a raiva” demonstrada pela chanceler alemã, Angela Merkel, com relação a declarações do pontífice diante do Parlamento europeu em 2014. Na ocasião, ele comparou a Europa a uma mulher estéril. Em uma entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal italiano Il Corriere della Sera, o papa contou que recebeu uma ligação telefônica da chanceler alemã pouco depois de seu discurso às instituições europeias em Estrasburgo.
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– Ela estava um pouco irritada, porque eu havia comparado a Europa com uma mulher estéril, incapaz de ter filhos. Ela me perguntou se realmente pensava que a Europa não poderia ter mais filhos – comentou Francisco.
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O pontífice argentino enfatizou que a Europa “tem uma história única”, e que nos momentos mais obscuros de sua história “tem demonstrado que tem os recursos” para enfrentá-los.
– Eu lhe respondi que sim, que a Europa ainda pode ter filhos, e inclusive muitos, porque tem raízes fortes e profundas – declarou.
Francisco, que é filho de emigrantes italianos, convidou a Europa a fazer frente ao fluxo de refugiados, a “mudar” e “se reformar” e a “reconstruir” um sistema de educação que está “quebrado”. A força do velho continente, segundo ele, pode vir do exemplo de “grandes esquecidos”, como chanceler alemão Konrad Adenauer, o ministro das Relações Exteriores francês Robert Schuman e do italiano Alcide de Gasperi.
O papa mencionou também personalidades italianas atuais, com a ex-ministra e ex-comissária europeia e líder laica radical Emma Bonino e o ex-presidente da República Giorgio Napolitano, o primeiro comunista a chegar a este cargo. Francisco é, frequentemente, muito crítico com as instituições europeias e pediu à Europa para “sorrir aos imigrantes”.
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– Se não é capaz de ajudar economicamente os países de onde procedem os refugiados, então tem de se apresentar ao problema de como enfrentar este grande desafio que é, em primeiro lugar, humanitário, e não somente esse – declarou.