A vida imita a ficção. Até no Vaticano
Diante da renúncia de Bento XVI, o site do jornal italiano La Repubblica lembrou as palavras “proféticas” do personagem interpretado pelo ator Michel Piccoli no filme Habemus Papam, do cineasta Nanni Moretti:
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– Peço ao Senhor perdão para o gesto que eu estou prestes a fazer … Eu comprendi que não sou capaz de suportar esse papel que me foi dado.
Lançado originalmente em 2011, Habemus Papam foi um dos grandes filmes exibidos em Porto Alegre no ano passado. Ao contrário do que sugeria a biografia de Moretti – ateu convicto e crítico cáustico dos poderes que regem a Itália -, esta comédia dramática não mira os problemas da Igreja Católica.
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– Todos conhecemos os escândalos de pedofilia e as notícias sobre a crise de autoridade da igreja. Isso é um bom motivo para não falar deles de novo – justificou Moretti no Festival de Cannes, em 2011.
O filme foca menos na polêmica teológica ou institucional e mais na questão íntima de seu protagonista – um homem em dúvida se quer mesmo ser o infalível vigário de Deus. Habemus Papam acompanha o impasse que o Vaticano depara quando o cardeal Melville (encarnado pelo excelente ator francês Michel Piccoli) surta logo após ser eleito papa, abandonando a cerimônia antes de ser nomeado publicamente.
Aturdida, a nomenclatura eclesiástica convoca um psicanalista ateu (interpretado por Moretti) para ajudar o eleito a enfrentar a situação e, enfim, assumir suas novas funções. Enquanto não há uma solução, um integrante da Guarda Suíça é escalado para fazer as vezes de dublê nos aposentos do papa – o intuito é de tranquilizar os demais representantes da Igreja e o povo, que aguarda na Praça São Pedro pela revelação do novo pontífice.
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