Em mais um episódio raro, como consequência da situação insólita de haver um papa emérito e um papa em exercício governando a Igreja Católica, o pontífice Jorge Mario Bergoglio recebeu pessoalmente seu antecessor, Joseph Ratzinger, que renunciou surpreendentemente em fevereiro.
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Foi o retorno de Bento XVI ao Vaticano e o início de uma convivência entre dois papas.
É a primeira vez na história que dois pontífices dividem espaço entre os muros do Vaticano, os dois vestidos de branco e sob o título de “Sua Santidade”. “Francisco o recebeu com grande fraternidade e cordialidade. Depois, dirigiram-se à capela do mosteiro para uma breve oração”, disse, em um comunicado, a Santa Sé.
O Papa Emérito viverá no convento Mater Ecclesiae, reformado para a ocasião e localizado nos jardins do menor Estado do mundo, a poucos metros da Casa Santa Marta, onde o papa Francisco reside.
Bento XVI, 86 anos, chegou às 16h45 locais (11h45 de Brasília) de helicóptero ao Vaticano vindo de Castel Gandolfo, onde residia desde 28 de fevereiro, quando efetivou sua renúncia.
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O porta-voz papal, padre Federico Lombardi, negou que Ratzinger esteja muito doente, como haviam indicado meios de comunicação espanhóis, depois que Bento XVI apareceu visivelmente cansado, usando uma bengala, no histórico encontro com Francisco, em 23 de março, em Castel Gandolfo.
Bento XVI viverá na nova residência com um pequeno grupo de assistentes, entre eles o secretário particular, o bispo alemão Georg Gänswein. Será uma relação complexa, segundo diversos observadores, já que o então cardeal argentino Bergoglio disputou, há oito anos, com o alemão Ratzinger os votos no conclave que escolheu o sucessor de João Paulo II.
É possível que os dois papas se encontrem durante seus passeios pelos jardins do Vaticano e, inclusive, rezem juntos, como ocorreu no encontro em Castel Gandolfo.
O Papa Emérito, de qualquer forma, não levará uma vida reclusa e poderá ser consultado por seu sucessor e receber pessoas e amigos, disse o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
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