Da avalanche de documentos secretos da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) que vieram à tona nos últimos meses, nem o papa Francisco escapou.

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Ontem, a revista italiana Panorama, do grupo Mediaset, de Silvio Berlusconi, indicou que escutas americanas monitoraram também a Santa Sé.

Dos 46 milhões de ligações que teriam sido interceptadas na Itália conforme reportagens publicadas pela imprensa europeia a partir de dados obtidos pelo ex-consultor da NSA Edward Snowden, asilado temporariamente na Rússia, haveria chamadas do Vaticano, segundo o semanário que chegará às bancas hoje, mas cujo teor foi antecipado ontem para a imprensa.

“Acredita-se que ‘o grande ouvido americano’ captou as conversas dos prelados no início do conclave, em 12 de março”, quando foi eleito o papa Francisco, afirmou a revista. “Existe a suspeita de que até mesmo as conversas do então futuro pontífice podem ter sido escutadas. Jorge Bergoglio já era, desde 2005, objeto da atenção da inteligência dos Estados Unidos, de acordo com os relatórios do

WikiLeaks”, acrescentou a Panorama. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, minimizou:

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– Não temos nenhuma informação a esse respeito e, de qualquer maneira, isso não nos preocupa.

De acordo com o site Cryptome, 46 milhões de conversas telefônicas foram interceptadas na Itália durante um mês, mas esta informação foi desmentida pelos serviços secretos italianos. O Le Monde (França) e o El Mundo (Espanha) informaram nos últimos dias, com base em documentos obtidos por Snowden, que a agência americana também monitorou mais de 70 milhões de chamadas telefônicas na França e 60 milhões na Espanha no período de um mês.

Jornal revela detalhes de estratégia usada pela NSA

O jornal The Washington Post apresentou ontem novas revelações sobre o modo como a NSA opera. De acordo com documentos de Snowden, a NSA invadiu secretamente, com auxílio do serviço secreto britânico, os principais links de comunicação que conectam a rede interna do Google e do Yahoo.

A infiltração ocorria apesar de a NSA ter, em um programa separado, o Prism, acesso formal a dados fornecidos pelas empresas de tecnologia. O Google disse não ter conhecimento da infiltração, mas que presumiu os riscos e que amplia ações de criptografia para proteger os dados.