O Papa Francisco denunciou, neste domingo, diante de 20.000 enfermos e portadores de necessidades especiais, na Praça de São Pedro, a “patologia do sofrimento” da sociedade contemporânea e a marginalização que as pessoas com deficiência sofrem.

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Em missa solene durante o Jubileu dos Enfermos, o evangelho do dia foi interpretado pela primeira vez por um grupo de pessoas com deficiência mental vestidas com trajes da época de Jesus, que representaram com gestos o relato da mulher pecadora que derramou um perfume sobre os pés de Cristo.

Durante a cerimônia, transmitida para todo o mundo, uma jovem com deficiência visual fez uma leitura de uma missa em braile. Os textos do dia foram traduzidos por pessoas com deficiência auditiva na linguagem internacional de sinais, e pessoas com síndrome de Down ajudaram na missa.

A comunhão foi distribuída a milhares de pessoas em cadeiras de rodas.

“Considera-se que uma pessoa enferma ou com deficiência não pode ser feliz, porque é incapaz de ter o estilo de vida imposto pela cultura do prazer e da diversão”, denunciou o Papa Francisco.

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“Nesta época em que o culto ao corpo se transformou em um mito de massas e, portanto, em negócio, o que é imperfeito deve ser ocultado, porque vai de encontro à felicidade e tranquilidade dos privilegiados e põe em crise o modelo imperante”.

“É melhor ter estas pessoas separadas, em algum ‘recinto, talvez dourado, ou nas ‘reservas’ do pietismo e do assistencialismo, para que não obstruam o ritmo de um falso bem-estar. Em alguns casos, inclusive, considera-se que é melhor se desfazer o quanto antes, porque são uma carga econômica insustentável em tempos de crise”, completou.

Francisco contrapôs “a terapia da felicidade”, que pode devolver o desejo de viver, à “patologia do sofrimento”. “Hoje, uma das patologias mais frequentes são as que afetam o espírito (…) Quando se experimenta a desilusão ou a traição nas relações importantes (…) a tentação de abandonar a si mesmo chega a ser muito forte”.

O Papa declarou que alguns enfermos colocam toda a sua esperança nas descobertas da ciência, pensando que, “certamente, em alguma parte do mundo, existe um medicamento capaz de curar a doença”. “E, inclusive, ainda que este medicamento fosse encontrado, não seria acessível a todos”.

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Em torno de 20.000 pessoas enfermas ou portadoras de necessidades especiais foram a Roma entre sexta-feira e domingo. O Vaticano fez deste Jubileu de pessoas enfermas o ponto culminante do Ano Santo da Misericórdia, recordando a importância do respeito aos enfermos no ensinamento da fé cristã.

Trabalho infantil

O Papa lançou neste domingo, durante o Angelus, um apelo para que a comunidade internacional redobre os esforços para “suprimir as causas” do trabalho infantil no mundo todo, uma forma de “escravidão moderna”.

“Hoje é comemorado o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. Devemos redobrar os esforços para suprimir as causas dessa escravidão moderna”, declarou o pontífice na Praça de São Pedro.

“Milhões de crianças se veem privadas de alguns de seus direitos fundamentais e se encontram expostas a graves perigos. Hoje há tantas crianças escravas!”, exclamou o Papa.

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Segundo dados da ONU, cerca de 168 milhões de crianças trabalham, mais da metade delas em empregos que colocam em risco sua saúde, especialmente em minas.

jlv/bc/pc/pr/lb