Um protesto contra a escassez de produtos na Venezuela reuniu milhares de opositores neste sábado no centro de Caracas. A manifestação foi convocada pelo líder da oposição, Henrique Capriles, que percorreu meio quilômetro ao lado de seus simpatizantes em uma manifestação fortemente acompanhada por efetivos policiais e militares. Blindados antimotim bloquearam ruas próximas.
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– Estamos marchando pela escassez em que esse governo nos colocou – disse Capriles, enquanto caminhava no meio da multidão, entre saudações e abraços.
A passeata tinha como destino o Ministério da Alimentação, mas pôde se concentrar apenas em uma avenida próxima, devido à proibição do prefeito do município Libertador, o chavista Jorge Rodríguez, onde fica o prédio do ministério, e diante da presença dos chamados “coletivos motorizados” chavistas. Esses grupos são acusados pela oposição de atuarem como paramilitares.
– Não consigo leite, manteiga, nem fraldas, nem farinha. Não posso sair na rua por medo da insegurança – desabafou a dona de casa Alexandra Fernández, de 39, que vive em uma área do centro de Caracas, enquanto batia com força na sua panela, a exemplo dos outros manifestantes presentes no panelaço.
As passeatas, que não foram transmitidas por nenhuma emissora de televisão nacional, também aconteceram em pelo menos outras 10 cidades, entre elas Maracaibo e San Cristóbal (oeste), Valencia (norte), Isla de Margarita (nordeste) e Puerto Ordaz (sul).
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O protesto deste sábado teve como pano de fundo as acusações de Capriles contra o presidente Nicolás Maduro – de que ele estaria incitando uma “confrontação povo contra povo” -, depois que Maduro convocou seus militantes, em um inflamado discurso, a “fazer valer a ordem (…)”.
Do lado oficialista, Maduro anunciou em sua conta no Twitter que este sábado seria um “grande dia nacional com as mulheres”, na Praça Bolívar de Caracas. Além de Capriles, outros líderes da oposição também participaram do ato, como o prefeito metropolitano, Antonio Ledezma. Junto com Leopoldo López, que está preso, e com a deputada María Corina Machado, Ledezma integra o trio promotor da estratégia de ocupar as ruas para forçar a renúncia de Maduro.
Apesar de apoiar a tomada das ruas, Capriles se afastou, abertamente, da tática radical de pedir a renúncia do presidente, alegando que “não estão dadas as condições para pressionar a saída do governo”.