O ano de 2020 vai ficar marcado como um dos mais duros e complicados dos últimos tempos. A pandemia do novo coronavírus alterou completamente a rotina da maioria das pessoas, bagunçou a economia global e trouxe muitas incertezas e medos. 

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Todo esse estresse segue causando impacto na saúde mental de cada vez mais indivíduos. Muitas vezes, é possível lidar com a ansiedade, a falta de motivação, o receio constante de perder o emprego, de adoecer ou perder pessoas queridas para a Covid-19. Em outras situações, o melhor a fazer é contar com a ajuda de um profissional da área.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que entre um terço e metade da população mundial exposta à pandemia pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica caso não seja feita nenhuma intervenção de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados. Mas é importante lembrar que nem todas essas reações psicológicas poderão ser classificadas como doenças.

— Se sentir triste ou ansioso tem a sua função. Estar sempre super tranquilo e alegre diante do que está acontecendo não seria condizente com a realidade. Mas é preciso se perguntar até que ponto vai esse sentimento. A partir do momento em que ele está prejudicando a rotina, as responsabilidades da pessoa, quando o sofrimento é muito grande, e não se consegue dar conta sozinho, é preciso avaliar a necessidade de um cuidado profissional. Não existe uma resposta simples para problemas complexos como este. Condições básicas para uma vida digna e políticas públicas adequadas tem efeitos ainda mais profundos para a saúde mental das pessoas — argumenta Eloisa Johann, estudante da última fase do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) no campus de Pedra Branca, em Palhoça.

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A gaúcha, que já trabalha com desenvolvimento de pessoas em um pequeno empreendimento em Pedra Branca, ajudou a produzir este ano uma pesquisa com 1528 participantes de todo o país para avaliar as alterações na rotina diária e impactos na saúde mental devido às medidas de isolamento social tomadas pelo poder público durante a pandemia no Brasil. 

A pesquisa demonstrou que os cinco sentimentos mais comuns entre os entrevistados eram "preocupação, ansiedade, estresse, cansaço e tensão". Outro dado interessante foi que absolutamente 100% dos entrevistados confirmaram o medo de serem demitidos durante a pandemia e que, por outro lado, quase metade se sente menos motivado para trabalhar em casa.

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— Muitas pessoas também comentaram que sofriam muito pela perda de suas rotinas, quase como um luto. De repente, do dia para a noite, todos estávamos em quarentena, tendo de se adaptar, sem ver as pessoas que gostávamos. Chegamos em novembro e novas rotinas foram criadas, porém essas pessoas sentem falta de como era a vida antes — explica Johann.

Consultas a distância

Tatiane Garcez, que também cursa a 10ª fase do curso de Psicologia da Unisul, porém em Florianópolis, compartilhou com a colega de Pedra Branca a experiência de realizar teleconsultas ao longo do ano, pelo Serviço de Psicologia da Unisul, que presta atendimentos para a comunidade em Pedra Branca e também em Tubarão, no Sul do Estado.

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— Está sendo interessante pois, ao mesmo tempo em que se elimina a necessidade de deslocamento, perde-se muito na questão relacional. O consultório garante o sigilo que às vezes não se consegue em casa — argumenta a estudante florianopolitana.

— A questão do isolamento acelerou muitas coisas em relação à tecnologia, modelos de trabalho, e também a prática de atendimentos. E as pessoas estão aderindo a essa modalidade. É uma forma de manter o atendimento, mas é um desafio entender quem estamos atendendo — complementa Johann. 

Para as duas estudantes, uma das ações mais importantes para manter a saúde mental durante a pandemia é fortalecer os laços com os familiares e melhores amigos, tanto aqueles que vivem sob o mesmo teto quanto os que estão distantes para manter o isolamento social. Separar bem o tempo dedicado ao trabalho, ao lazer e às tarefas domésticas também é essencial para manter a cabeça mais tranquila.

— É preciso passar tempo juntos, escutar os familiares, e ter também um tempo para si, sempre que possível — orienta Garcez.

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— É possível que a tecnologia favoreça o contato com as pessoas à distância. Mas precisamos nos conectar de fato mais uns com os outros, reservando tempo de qualidade para estar presente, criar e cultivar vínculos — complementa Johann.

Para saber mais sobre adaptabilidade durante a pandemia, acesse o canal Educação Transforma.

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