No momento mais crítico vivido por Santa Catarina no combate ao coronavírus, o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB), atendeu à reportagem. Ele falou sobre os trabalhos, o papel da população, os desafios da pandemia.

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Confira:

Como está o combate à doença hoje?

O vírus foi e ainda é um desafio para toda a sociedade. Revelou o nosso melhor. Criciúma respeitou as regras de isolamento quando foram impostas. Com esse tempo, conseguimos nos preparar e otimizar o sistema de saúde. Planejamos a antecipação da inauguração da nova Unidade Central de Saúde, a abertura de dois Centros de Triagens e reforma de um antigo hospital psiquiátrico, que se transformou em um Centro de Tratamento para a Covid-19. A lamentar, a demora por parte do governo do Estado em elaborar um plano de flexibilização para o retorno às atividades econômicas.

A população de sua cidade está tendo bom comportamento?

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A percepção é que a maior parte da população continua consciente e fazendo sua parte. Outra parte foi aos poucos recuperando a autoconfiança, já que nossos números sempre se mostraram positivos. Somando a isso a chegada do frio, e consequentemente de maior incidência das doenças respiratórias, tivemos um aumento no número de casos. Mas rapidamente reagimos, lançamos um novo desafio à população, uma campanha. Por meio dela, informamos ao público nossas ações e pedindo ainda maior disciplina da população.

Qual é o principal desafio neste momento?

Continuamos atuando em duas pontas: otimizar a estrutura que preparamos para cuidar das pessoas, monitorando e tratando a questão sanitária, e, da mesma forma, entregando soluções para fomentar o giro econômico. Mesmo com o aumento no número de casos e os nossos decretos mais restritivos em vigor novamente, estamos nos esforçando para manter a vida econômica da cidade ativa. Não vamos fazer o chamado “lockdown”. Lá no início fizemos e foi importante para nos preparamos. Agora, estamos apertando o cerco contra quem não tem disciplina. Em contrapartida, colocamos nossos equipamentos com 100% da capacidade de funcionamento.

Qual é o maior ensinamento que a pandemia lhe deu?

Governar é estar na berlinda constantemente. Cuidar de pessoas, quando você é o centro das decisões, é o maior desafio. A profissão de prefeito, às vezes, é muito solitária. Mesmo que uma equipe técnica e competente te ajude, a decisão final sempre é sua. E isso interfere na vida de muitas pessoas. Acredito que a pandemia tem nos ensinado que o valor da união é fundamental. Que somos uma só raça humana e precisamos querer o bem de todos. Sinto isso das pessoas, e também tenho amadurecido cada vez mais para essa percepção.

O senhor acredita que a nossa sociedade será melhor depois da pandemia?

Continuo acreditando nisso. Estamos percebendo hoje que segmentos da sociedade estão unidos, mobilizados, lutando juntos por uma causa. Situação que antes era inimaginável. Vejo a bondade sendo exercida com mais intensidade. Acredito também que vamos começar a ter outras formas de conviver, com intensificação de cuidados com a higiene, de se comunicar usando novas tecnologias e ferramentas inovadoras, e mais focados em cuidar da família e das pessoas que amamos. Como gestor, essa nova cultura vai tornar as administrações públicas mais humanizadas, e, espero, a saúde como um todo tenha um ganho em recursos humanos e infraestrutura.

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