• O usuário de cadeiras de rodas não consegue circular sozinho em 93,2% das ruas de Blumenau. É o que mostra um levantamento feito pela equipe da Secretaria Municipal de Planejamento. Desde o ano passado foram avaliadas as calçadas de 528 ruas nos 35 bairros da cidade. Essas vias compõem o chamado Sistema Viário Básico, formado pelas principais de cada região. Os critérios adotados foram a atratividade visual, conforto/manutenção, segurança e continuidade.

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    Em 32,8% dos casos as calçadas foram avaliadas como péssimas. São espaços em que é impossível a circulação de cadeirantes. A avaliação ruim foi atribuída a 24,4% das calçadas e 36% foram avaliadas como regulares. Nesses dois casos o cadeirante precisaria de ajuda de uma pessoa para transpor os obstáculos. Já os passeios com avaliação boa (5,1%), muito boa (1,5%) e ótima (0,2%) somam apenas 6,8% das 528 avaliadas. Lembrando que se é ruim para os cadeirantes, é ruim para pedestres também.

    Os bairros Itoupava Central e Nova Esperança foram os que apresentaram os maiores índices de calçadas péssimas. No primeiro caso, das 23 ruas avaliadas, 86,9% não permitem a circulação de cadeirantes. Nas 30 vias que foram analisadas no bairro Nova Esperança, o índice é parecido: 86,6%.

    Em apenas uma via da cidade, entre as 528 avaliadas, a calçada foi considerada ótima. É a Alameda Duque de Caxias, mais conhecida como Rua das Palmeiras, no Centro Histórico da cidade. A título de curiosidade, a Avenida Castelo Branco (Beira-Rio) e a XV de Novembro tiveram as calçadas classificadas como muito boas e as da 7 de Setembro foram avaliadas como boas.

    Problema é histórico e cultural

    O resultado do levantamento não surpreendeu o diretor de Planejamento Viário da Secretaria Municipal de Planejamento, Cassio Bortolotto.

    – Transitamos diariamente pela cidade e sabemos que o estado das calçadas deixa a desejar.

    Bortolotto diz que o problema é resultado cultural do desenvolvimento da cidade. Para ele, as pessoas, historicamente, não se importam muito com o que é público, com o que está do lado de fora do portão. Lembrando que a construção e conservação das calçadas é responsabilidade do cidadão, e não da administração municipal.

    Outro problema é a falta de fiscalização eficiente. A equipe é reduzida e cabe a ela fiscalizar não só as calçadas, mas todo e qualquer problema na cidade, como obras e publicidade irregulares.

    – O próprio cidadão poderia ser o fiscal do vizinho – diz Bortolotto, lembrando que denúncias podem ser feitas pelo telefone 156.

    O diagnóstico das calçadas está incluído no processo de elaboração do Plano de Mobilidade da cidade, deflagrado no ano passado. Vai servir para desenvolver novos projetos e embasar tomadas de decisões no sentido de melhorar o quadro.

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