Desde 2015 Blumenau é uma das sedes da série mundial de conferências TED. A corrente do bem que dissemina ideias inspiradoras e transformadoras foi trazida por Humberto Cardoso Filho e Guilherme Hack, dois jovens daqui que queriam algo maior nos trabalhos de voluntariado que desenvolviam. Humberto ainda continua na coordenação da equipe que vai promover em março o nono evento na cidade e em abril o terceiro TEDx Blumenau, que vai reunir 15 conferencistas e 100 espectadores com grande poder de disseminação das ideias na comunidade. Foi com Humberto que conversei há alguns dias para saber como essa história começou e aonde ela deve chegar.

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Pancho: Como surgiu a ideia de trazer o evento para Blumenau?

Humberto: Quando eu e o Guilherme éramos do centro acadêmico, na faculdade, trouxemos um cara de São Paulo chamado Alexandre Franzolim. Ele comentou que tinha feito um TEDx lá e falou sobre a experiência. Sempre fui muito envolvido com voluntariado, o Guilherme também, toda a equipe. A gente queria fazer algo diferente e pensamos: por que não fazer um TEDx? Tentamos a licença duas vezes e não conseguimos. Na terceira vez conversamos com a curadora nacional do TED, os embaixadores, começamos a entender melhor o que o TED te perguntava. Fizemos um Skype com o cara que lida com as licenças em Nova York e explicamos porque estávamos na terceira tentativa. Aí ele falou, “beleza, vou passar vocês para frente”. Pensamos “ah, vamos para a segunda etapa da seleção”. Do nada recebemos um e-mail: “licença aprovada” e a gente não sabia o que fazer. Estávamos pulando de felicidade, no Skype, com o cara ainda falando um monte de coisa, mas mesmo assim já estávamos realizados. Foram cinco meses de tentativas.

E por que o TED?

Conheci o TED quando estava na faculdade. Numa reunião da Aiesec, uma diretora trouxe um vídeo e era um tal de TED Talks. Achei interessante, procurei entender o que era, e me apaixonei pelo TED como plataforma para disseminar ideias. Fazíamos eventos, estávamos acostumados com as semanas acadêmicas, mas quando entendemos que aquilo era um evento mundial, que ficaria registrado na internet para qualquer pessoa assistir, foi um choque de realidade.

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Qual o principal objetivo?

Entendemos que o TEDx era uma ferramenta muito válida para fomentar Blumenau. A gente sempre falava sobre ser uma injeção de adrenalina no coração da cidade. Começou como uma forma de continuar fazendo voluntariado, mas depois a gente entendeu que era uma responsabilidade muito maior, com a marca e com a cidade.

Esse objetivo foi alcançado?

Muita gente acreditou nesse sonho, fez isso ser possível. Acho que é um objetivo constante. O primeiro evento foi sobre conexões que quebram paradigmas. Naquela época Blumenau estava num momento de conexões, se abrindo como cidade para a inovação e empreendedorismo. A partir daí acho que a grande pergunta que a gente faz quando vai escolher o próximo tema é: qual é a conversa que Blumenau precisa ter? Esse é o nosso papel. Propor discussões que vão fazer a cidade crescer ainda mais. A gente conseguiu esse resultado, de dar uma injeção de adrenalina em Blumenau, mas sinto que hoje a gente tem a responsabilidade de fazer o TEDx ficar vivo na cidade.

Algo te marcou? Algum exemplo de como o evento mudou a cidade?

O que mais me mostrou o quão grande era isso foi quando a gente entregou o primeiro TEDx Blumenau. No dia seguinte começamos a conversar com a equipe e as pessoas falavam que era muito feedback nas redes sociais. Percebemos que havíamos perdido o controle. Vimos pessoas se unindo para transformar locais, como a Casa Santa Ana, com apoio de patrocinadores do TEDx. Gente que foi para a Índia e se envolveu com o TEDx lá. A gente faz o evento, mas depois não temos noção do alcance dele. Acho que essa é a parte gostosa.

O evento tem revelado palestrantes locais também, certo?

Cada speaker (palestrante) que você seleciona para falar no evento, principalmente os da região, traz com ele todo um círculo social que vai começar a gravitar em torno do TEDx. Acaba sendo uma nova ferramenta para alcançar outros lugares e outros círculos que, de outra forma, não se interessariam. Acabamos de selecionar quem vai assistir ao TEDx Blumenau de abril. Começamos a divulgar isso por e-mail agora. Se não me engano, só 25% já foram num TEDx. Três quartos da plateia nunca assistiram ao evento. Era uma meta nossa, deu certo. É mais uma galera que vai conhecer pela primeira vez e espero que gostem e comecem a disseminar isso também.

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Esse processo tem prazo de validade?

Não penso em parar. A cada vez que renovamos a licença temos o desafio de fazer um evento diferente. Nesta edição o Guilherme não é mais coordenador, a Malu (Maria Luísa Lange) assumiu e está com um ar novo incrível na equipe. Parar não, mas mudar com certeza. No primeiro evento eu brincava que só ia começar a parar no décimo. Só que o décimo chegou e estou querendo alongar isso.