Crescimento é o que define o bairro Paranaguamirim ou popular “Panágua”, no extremo Sul de Joinville, já no limite com Araquari. O bairro é o que mais cresceu em habitantes (mais do que dobrou) nesta década. É o quarto mais populoso de Joinville e, disparado, o maior da zona Sul. O comércio dobrou nesses dez anos e a prestação de serviços cresceu, simplesmente, oito vezes.
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O boom é diversificado. Traduz-se nas ruas como a Boehmerwald, o “centrinho nervoso”, onde carroças de catadores disputam espaço com caminhões de mudança de migrantes que chegam. E também ruas de barro dos muitos loteamentos, onde a criançada descalça passa o dia. Ou ainda nos casebres onde, a cada manhã, um mutirão feminino estende quilômetros de varais coloridos.
A grandeza populacional tem tudo a ver com a geografia do bairro, que também não é modesta. O Panágua tem o terceiro maior território da cidade, atrás do Vila Nova e da Zona Industrial Norte (a maior). O bairro não deixa de ser uma espécie de “Vila Nova do Sul”, com um núcleo urbanizado que só cresce, rodeado de uma vasta zona rural. A diferença é que, ao invés de pastagens, essa área é de mangue.
Onde a maré não chega há terras planas, boas para construir. Isso e o fato do bairro ser na periferia, onde os terrenos são baratos, explica os loteamentos populares. São vários: Estevão de Matos, Jardim Edilene, Ana Júlia, São Domingos, Village, Princesa, Humberto Zanata, Cecília Lopes. Os mais populosos, como o Edilene, já são chamados de “bairros” pelos moradores.
Os loteamentos desenham a feição humana e econômica do lugar. É neles que moram os prestadores de serviço que octuplicaram. São faxineiras, kombis de fretes, motos que transportam gás, garis. E catadores como Adélia Latezuke, que aos 59 anos puxa no braço 100 kg de materiais recicláveis. Ou o pedreiro como Arão Garcia, 18, que encontrou no bairro uma chance de morar em Joinville.
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Quase todos são migrantes e vêm para trabalhar, como o paranaense Edivan Pereira, 33, que chegou há dois meses. A maioria encontra um cantinho na casa de parentes que já chegaram. Juntam grana, compram um dos terrenos baratos (numa rua sem asfalto). Com o tempo, a morada ganha um “puxadinho” de alvenaria, uma varanda, um carro usado numa garagem de lona.
Longe do Centro, essa gente toda quer comer, vestir, sacar dinheiro, abastecer. É aí que entra o crescimento do comércio e gente como Marcelo Gonçalves, 35. Ele entendeu as necessidades locais e hoje constrói um prédio vistoso, de três andares, na rua Boehmerwald. Vai alugar salas comerciais e apartamentos. Lojas de móveis têm interesse.
A criação de um condomínio industrial, em elaboração pela Associação de Micro e Pequenas Empresas (Ajorpeme) e Instituto de Planejamento (IPPUJ), também anima. E o boom não pára. A regional de Saúde do Panágua tem a maior taxa de nascimentos e mães jovens de Joinville. Tanto que a criançada é a maioria dos moradores. Por isso, segundo a Secretaria de Saúde, enquanto Joinville deve estabilizar sua população em 25 anos (2.034), o Paranaguamirim vai crescer por mais quatro décadas (2.070).