Alegando falhas constantes no recebimento da água tratada pela Casan, de quem compra o insumo, a prefeitura de Palhoça na Grande Florianópolis quer lançar uma licitação para contratar uma empresa que abasteça a cidade e trate o esgoto produzido pelos moradores. A informação foi trazida pelo prefeito da cidade Camilo Martins, em entrevista ao Direto da Redação da manhã desta sexta-feira (4).

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No meio de uma das mais graves crises hídricas da história, a prefeitura tem informado por meio do site do Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Samae) que a Companhia de Águas e Saneamento de Santa Catarina (Casan) exige o fechamento de "todas as derivações de adutoras que fornecem água tratada às redes de distribuição de Palhoça" e que "tal medida, segundo a Casan, se dá para equilibrar o sistema de distribuição de água nos outros municípios da Grande Florianópolis". Para o prefeito, a cidade pode estar sendo prejudicada por ter municipalizado o serviço que antes era prestado pela autarquia.

– Já pedimos à agências independentes a medição da pressão da água na rede. Se for comprovado que há redução e que Palhoça pode estar sendo comprometida em detrimento de outras cidades, vamos judicializar a questão para que a companhia seja responsabilizada.

Desde o começo da semana a CBN/Diário tem recebido manifestações de ouvintes que afirmam ter casa em Palhoça e estarem sofrendo com o desabastecimento. Os relatos pelo WhatsApp (48 99181-3800) vêm de bairros como Centro, Jardim Eldorado, Aririú, Rio Grande, Praia de Fora, Guarda do Cubatão e Praia da Pinheira. Algumas destas áreas não haviam sido afetadas no início da estiagem por ficarem próximas à rede.

– Sabemos que nas pontas de rede a pressão costuma ser menor, mas tem gente que mora em áreas centrais e está reclamando de falta de água – disse o prefeito.

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Licitação

Além de solicitar novas explicações à Casan a partir dos dados que devem ser recebidos na tarde desta sexta-feira, Camilo Martins falou que pretende fazer uma audiência pública até o mês de novembro e discutir com a Câmara de Vereadores da cidade o lançamento de um edital na cidade. O certame vai contratar uma empresa que forneça água e trate o esgoto da cidade – Palhoça tem cerca de 10% de cobertura hoje.

– Até a Casan poderá concorrer, mas aí teremos um contrato claro com metas bem definidas, de abastecimento e tratamento do esgoto coletado – afirmou.

Procurada pela produção da CBN/Diário, a Casan não se manifestou sobre as críticas do chefe do executivo palhocense. A empresa enviou um e-mail às 11h19 desta sexta-feira em que apresenta um release (texto informativo para a imprensa) com o título "Estiagem ultrapassa quatro meses de duração". O material diz que a companhia "reitera à população da Grande Florianópolis a importância do uso responsável da água tratada" e elenca as áreas mais afetadas, que são as "ruas mais altas de Coqueiros a Abraão e parte do Monte Cristo", além de "Córrego Grande e João Paulo" que também apresentam pressão "mais baixa, dificultando abastecimento de algumas vias dos dois barros". Não há menção à cidade de Palhoça.

Os pedidos de entrevista não foram atendidos porque, segundo a assessoria de comunicação da empresa via contato telefônico, os técnicos e engenheiros estão ocupados com as manobras de "controle de vazão e pressão" e não têm tempo para atender aos pedidos da imprensa.

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Confira o texto da Casan na íntegra:

A CASAN reitera à população da Grande Florianópolis a importância do uso responsável de água tratada, principalmente enquanto permanece a situação de estiagem.

A falta de chuvas está muito além da prevista, inclusive porque parece haver um bloqueio sobre a região: previsões meteorológicas de chuva não têm se confirmado, mesmo quando formuladas com 24 horas de antecedência.

A última precipitação consistente, capaz de recarregar o Rio Pilões, data de 28 de maio. Pilões é o principal manancial da Região Metropolitana, sendo compensando no momento pelo aumento na captação do Rio Cubatão.

Áreas mais afetadas

Ruas mais altas de Coqueiros e Abraão e parte do Monte Cristo são hoje as mais afetadas em Florianópolis. No Córrego Grande e João Paulo também a pressão está mais baixa, dificultando abastecimento de algumas vias dos dois barros.

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Em São José a pressão baixa dificulta abastecimento da Fazenda Santo Antônio, Potecas, Flor de Nápolis e a Ponta de Baixo. Em Biguaçu as dificuldades estão concentradas em algumas ruas do Três Riachos, Vendaval, Prado e no Jardim Janaína, todos bairros de cota mais alta.

Diante do cenário, a Companhia solicita à população de todas as áreas da Região Metropolitana que permaneça economizando, comportamento aliás que vem sendo fundamental para o enfrentamento de uma estiagem que já ultrapassa quatro meses.