Com os dedos, Roiter Neves, de 48 anos, passa as tintas branca e vermelha no rosto. Ele contorna a boca com um lápis preto e lembra: é preciso fazer o formato de um sorriso. O artista troca a camisa preta e a calça jeans por um macacão colorido e uma gravata de lantejoulas douradas. Pronto. Em poucos minutos, Roiter se transforma no palhaço Linguiça, que há dez anos arranca gargalhadas de joinvilenses.
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Galeria de fotos: Veja a transformação de Roiter Neves em Palhaço Linguiça
O personagem, com o inseparável amigo Tampinha e mais um grupo de artistas da Associação Joinvilense de Circo (Ajocirco), estarão nesta quarta-feira na praça Nereu Ramos, no Centro de Joinville, para comemorar um dia especial – principalmente para eles: o Dia Nacional do Circo.
O picadeiro que será montado na praça pode até não ter lona, mas vai ter alegria. É a primeira vez que um encontro circense será realizado em Joinville. A intenção da organização do evento é reunir os artistas da Ajocirco e convidados para apresentações de trapezistas, malabaristas, de mestres em tecido acrobático e, claro, das palhaçadas do Linguiça. A festa começa às 16 horas.
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– As pessoas poderão participar das brincadeiras. Vamos fazer mágicas com as crianças -, disse Roiter Neves, quer dizer, o palhaço Linguiça.
Segundo a presidente da Ajocirco, Kimberly Neves, 19, o objetivo é divulgar o trabalho realizado pelos artistas da cidade. “Queremos difundir esta arte”, explicou. Kimberly, inclusive, estará presente no papel de Tampinha.
– Eu faço de tudo. Malabares, tecido. Mas minha paixão são o Tampinha e o Linguiça -, se derreteu.
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Ela é filha do próprio Roiter Neves, da Companhia Roiter Neves de Circo. Seus outros dois irmãos também são do meio artístico. Roger Neves é bailarino e está na Alemanha. Widny trabalha no Ringling Bros, um dos maiores circos dos Estados Unidos.
Roiter e Kimberly se estabeleceram em Joinville há dez anos. O pai nasceu em um picadeiro. É a quarta geração de sua família que está no circo. Da Argentina, foi para o Peru, percorreu Europa e Estados Unidos.
– Hoje, temos um conceito diferente de circo. Ele não está mais só debaixo da lona. Hoje ele está até no semáforo, quando os malabaristas se apresentam aos motoristas. Temos 30 segundos de arte -, comentou o entusiasta.
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Mas a magia da transformação dos personagens continua a mesma.
– Quando eu passo da porta como Linguiça, não respondo mais como Roiter. É como se incorporasse um outro ser -, explicou o artista.
A dupla de palhaços – pai e filha – hoje em dia participam de eventos e levam a alegria do circo para as atividades físicas. Eles possuem uma academia de exercícios circenses, onde os interessados praticam a corda bamba e malabares.
– De quebra, eles aprendem as artes -, contou Roiter.