Os palestinos voltaram a enterrar seus mortos neste sábado, depois de Israel ter aceitado entregar os corpos aos familiares, horas antes de uma comemoração do 20º aniversário da morte de Yitzhak Rabin.

Continua depois da publicidade

Este aniversário do assassinato em 1995 do então primeiro-ministro israelense, que assinou os acordos de paz de Oslo com os palestinos em 1993, coincide com uma onda de violência que resultou em mais uma morte neste sábado.

Um palestino de 17 anos foi morto a tiros pelas forças israelenses em um posto de controle no norte da Cisjordânia ocupada. De acordo com a polícia israelense, o palestino, que vinha de Jenin, na Cisjordânia, estava com uma faca, e foi morto antes de atacar alguém.

Outro palestino, Ahmed Kemil, que morreu no mesmo local em 24 de outubro, foi enterrado na sexta-feira à noite em Jenin, de acordo com autoridades palestinas.

Seu corpo, assim como os de outros seis palestinos mortos pelas forças israelenses foram entregues na sexta-feira aos palestinos. Cinco deles foram enterrados neste sábado em Hebron (Cisjordânia).

Continua depois da publicidade

Desde o início do mês, a violência – ataques isolados cometidos por palestinos ou confrontos entre jovens palestinos e soldado – resultou em 67 mortes entre os palestinos, incluindo um árabe-israelense, e nove entre os israelenses.

A violência começou na Cidade Velha de Jerusalém, onde está localizada a Esplanada das Mesquitas, mas se concentra agora em torno de Hebron, no sul da Cisjordânia.

Esta cidade tem sido há tempos cenário de um conflito que opõe, de um lado, 500 colonos israelenses vivendo entrincheirado sob a alta proteção do exército israelense, e de outro, mais de 200.000 palestinos.

No centro da cidade dividida, um local sagrado para judeus e muçulmanos concentra todas as tensões: o Túmulo dos Patriarcas, a Mesquita de Ibrahimi para os muçulmanos, fisicamente dividida.

Continua depois da publicidade

Em seus arredores, vários palestinos foram mortos, apresentados como agressores pela polícia e exército israelenses, e como vítimas de soldados e colonos pelos palestinos.

– Multidão –

Milhares de palestinos que gritavam “Nós vamos morrer, mas a Palestina viverá” enterraram cinco adolescentes, incluindo duas jovens, no início da tarde em Hebron: Bashar e Hossam al-Jaabari, de 15 e 18 anis, Tareq Natcheh, de 17 anos, e Bayan al-Assileh e Dania Irshaid, duas palestinas de 16 a 17 anos.

Depois dos funerais foram registrados novos choques entre soldados e jovens que lhes jogavam pedras.

Em meados de outubro, o governo de Israel anunciou que os corpos dos palestinos autores de ataques contra israelenses abatidos pelas forças de segurança não seriam entregues a seus familiares.

Esses “castigos coletivos”, segundo os familiares dos mortos palestinos, aumentaram ainda mais as tensões.

Continua depois da publicidade

Na quinta-feira, centenas de palestinos protestaram à noite em Hebron para pedir às autoridades israelenses que lhes devolvam “os corpos dos mártires”. Segundo eles, Israel guarda os corpos de 25 agressores palestinos e de um árabe israelense.

Os palestinos foram acusados por Israel de enterrarem os corpos dos agressores em cemitérios secretos em território israelense e em territórios ocupados.

Em Belém, centenas de palestinos enterraram Ramadan Thawabteh, bebê de oito meses, morto asfixiado por bombas de gás lacrimogênio lançadas por soldados israelenses perto de sua casa, segundo a versão do ministério palestino da Saúde.

Em comunicado publicado no sábado pelo exército israelense concluiu “que depois de investigações médicas e operacionais, não há nenhuma correlação entre as atividades do exército e a morte trágica da criança”. “Os gases lacrimogênios foram usados a dezenas de metros da residência da família”, acrescentou o comunicado.

Continua depois da publicidade

Homenagem a Rabin

Uma nova cerimônia para lembrar a morte de Rabin está prevista para a noite sábado em Tel Aviv, com a participação do ex-presidente americano Bill Clinton.

Várias cerimônias e manifestações foram realizadas neste 20º aniversário deste assassinato.

Milhares de israelenses protestaram neste sábado 24 de outubro em Tel Aviv, pedindo a retomada das negociações com os palestinos, após um pedido de mobilização da organização “Paz Agora” e outros grupos favoráveis a uma solução com os dois Estados.

Os manifestantes partiram da praça que recebeu o nome de Rabin, que se tornou o primeiro-ministro de Israel em 1992 e foi assassinado em 4 de novembro de 1995, aos 73 anos, pelos tiros disparados por Yigal Amir.

Yigal Amir era contra os acordos de Oslo de 1993, que viabilizaram a criação da Autoridade Palestina, precursora de um Estado. Pelos acordos Rabin, Shimon Peres e Yasser Arafat ganharam o prêmio Nobel da Paz.

Continua depois da publicidade

* AFP