O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu nesta terça-feira uma investigação imparcial e independete sobre o assassinato de um palestino deficiente físico em cadeira de rodas pelo exército israelense em Gaza.

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Ibrahim Abu Thouraya, de 29 anos, foi morto quando participava na sexta-feira de um protesto contra o reconhecimento pelo presidente americano Donald Trump de Jerusalém como a capital de Israel.

Ele havia perdido suas duas pernas durante um ataque israelense na Faixa de Gaza em 2008.

Em um comunicado, o comissário Zeid Ra’ad Al Hussein disse estar “realmente chocado” e acrescentou que, de acordo com informações recolhidas por funcionários da ONU em Gaza, “a força usada contra Ibrahim Abu Thouraya foi excessiva”.

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“Pelo que sabemos, não há nada que possa sugerir que (a vítima) representava uma ameaça iminente (…) quando foi morta. Dada sua grave deficiência, que era claramente visível para aqueles que atiraram contra, sua morte é incompreensível – um ato verdadeiramente chocante e gratuito”, comentou.

Durante uma coletiva de imprensa em Genebra, um porta-voz do Alto Comissariado, Rupert Colville, afirmou que Zeid “pediu a Israel que inicie imediatamente uma investigação independente e imparcial sobre este incidente e todos os outros incidentes que levaram a mortes e feridos, com o objetivo de responsabilizar os autores dos crimes”.

“Os relatórios sugerem que uma investigação interna preliminar foi aberta pelo exército israelense. (…) Isso não é suficiente”, explicou.

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O exército israelense indicou que, diante da violência “extrema” das manifestações em que Ibrahim Abu Thouraya participava, recorreu a meios não-letais, mas que também realizou “alguns tiros controlados” com munições reais contra os “principais instigadores”.

De acordo com a investigação preliminar que conduz, “é impossível determinar se Abu Thouraya foi atingido por meios de controle ou o que causou sua morte”.

Mas “nenhuma falha moral ou profissional foi identificada”, acrescentou o exército.

Ibrahim Abu Thuraya morreu por um tiro na cabeça, de acordo com o ministério da Saúde na Faixa de Gaza.

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“A resposta das forças de segurança israelenses aos protestos deixou cinco mortos, centenas de feridos e prisões em massa de palestinos”, disse Colville.

Segundo a ONU, o uso de munição real feriu mais de 220 pessoas em Gaza, incluindo 95 na sexta-feira. Outros ficaram feridos por gás lacrimogêneo ou balas de borracha.

* AFP