Uma palestina morreu nesta quinta-feira atingida por disparo de um tanque israelense na Faixa de Gaza, no segundo dia de confrontos de uma violência inédita desde a guerra de 2014 entre Israel e o movimento islâmico Hamas.

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Trata-se da primeira morte desde que, na quarta-feira, vários disparos de morteiro procedentes da Faixa de Gaza contra o lado israelense foram respondidos pelo Exército hebreu.

O Exército assegura que nos dois últimos dias ocorreram pelo menos dez ataques do lado palestino.

Esta é a primeira vez que o Hamas abre fogo contra as forças israelenses desde a guerra do verão de 2014, informou um porta-voz do Exército, coronel Peter Lerner.

Segundo fontes médicas, quatro pessoas de uma mesma família, três crianças e um homem de 65 anos, foram hospitalizados com ferimentos “leves e medianos” após um dos bombardeios israelenses, no bairro Al Zeytun, no sudeste da cidade de Gaza.

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O ataque dirigia-se a uma oficina mecânica, disse à AFP seu dono, Hassan Hasanen, que assegurou que seus veículos não eram utilizados pelo Hamas, mas servem para “trabalhos imobiliários e de construção”.

O Exército israelense disse que só o movimento islâmico Hamas, no poder na Faixa de Gaza, foi alvo dos ataques. Mas o ministério do Interior do Hamas assegurou que dois mísseis teriam visado uma base de treinamento do Al Qods, braço armado da Jihad Islâmica, segunda força islâmica nos territórios palestinos, causando danos, mas não feridos.

O Exército hebreu informou sobre o bombardeio de cinco posições do Hamas na quarta-feira no sul da Faixa de Gaza depois de terem sido registrados confrontos na fronteira entre os dois territórios.

Os primeiros incidentes começaram na terça-feira, com disparos contra um grupo de soldados israelenses, e se intensificaram na quarta-feira. A resposta israelense começou com disparos de tanque antes de passar a ataques aéreos.

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Estes fatos são os mais graves registrados desde o tenso cessar-fogo em vigor durante quase dois anos entre Israel e os grupos armados palestinos.

O setor israelense no entorno de Nahal Oz foi declarado “zona militar fechada” pela primeira vez desde a guerra de 2014.

‘Os lados se põem à prova’

Israelenses e palestinos se enfrentaram em junho e em agosto de 2014 na mais longa e devastadora das três guerras na Faixa de Gaza desde 2008.

Esta guerra provocou a morte de 2.251 pessoas: 2.178 do lado palestino, a grande maioria civis, e 73, inclusive 67 soldados, do lado israelense.

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O cessar-fogo foi violado de forma esporádica com disparos de foguete de Gaza para Israel, atribuídos a grupos armados que rejeitam a autoridade do Hamas.

Geralmente, Israel responde a estes disparos atacando posições do Hamas, a quem considera encarregado da segurança no território que controla desde 2007, mas desta vez, o Exército israelense acusa diretamente o governo islâmico.

Para as autoridades israelenses, o objetivo é localizar e destruir os túneis que o Hamas utiliza para lançar ataques contra comunidades de civis israelenses próximas à fronteira.

O Exército diz ter destruído mais de 30 túneis durante a guerra de 2014.

“Continuaremos agindo (…) até a explosão do último túnel”, publicou no Twitter o ministro israelense da Defesa, Moshé Yaalon.

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Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas em Gaza, chamou nesta quinta-feira “todas as partes envolvidas a assumir suas responsabilidades para deter a ofensiva”, em alusão ao Egito, padrinho das negociações sobre a trégua em 2014.

As Brigadas Qasam, braço armado do Hamas, advertiram na quarta-feira, em um comunicado, que “não permitirão que continue a ofensiva sionista na Faixa de Gaza”.

Apesar de tudo, “Israel não tem nenhum interesse em uma escalada” da violência, afirmou o coronel Lerner.

Mustafa al Sawaf, ex-redator-chefe de um jornal pró-Hamas, também não acredita que vá ocorrer uma explosão de violência de forma imediata. Os dois lados “estão colocando-se à prova”, assegurou. E, enquanto isso, se preparam ativamente para o confronto seguinte.

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