O teatro é novo e o público ainda está em formação – esta é a justificativa dos responsáveis pelos teatros de Pomerode e Balneário Camboriú, no Vale do Itajaí, para explicar a baixa quantidade de eventos em modernas e recentes estruturas. A situação se repete em outras cidades no Estado, em que os principais espaços públicos do gênero ainda encontram dificuldades em manter uma agenda cultural cheia – como é o caso de Joinville.
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Com uma boa estrutura e plateia com capacidade para 500 espectadores, o Teatro de Pomerode foi inaugurado pelo município em 2009 e, no ano passado, ofereceu 41 eventos culturais, uma média de três por mês. Um sutil aumento pôde ser notado nos primeiros meses deste ano – até a segunda quinzena de maio 13 eventos culturais foram apresentados no local.
O diretor executivo da Fundação Cultural de Pomerode, Andreas Roland Zimmer, reconhece que o aproveitamento poderia ser maior, mesmo sendo uma cidade pequena:
– Trabalhamos com muita vontade e empolgação, mas muitos ainda enxergam a cultura como uma despesa e não investimento. O simples fato de ter que pagar ingresso, às vezes, limita o público. Por ser uma cidade pequena, se reserva ao compromisso do trabalho para casa e vice-versa, mas estamos conseguindo mostrar que o teatro reserva bons espetáculos.
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Problema no litoral é a falta de profissionais
Diferente da situação de Pomerode, no litoral o Teatro Municipal de Balneário Camboriú, inaugurado em março deste ano, sofre com a falta de profissionais capacitados. Nos três meses de funcionamento, o local recebeu 11 eventos, mas a agenda dos próximos meses segue em branco.
– Acredito que no segundo semestre nossa equipe esteja completa. Alguns cargos ainda estão sendo criados. Por enquanto estamos trabalhando apenas com pré-agendamentos de espetáculos. Há um público em formação, mas a cultura de ir ao teatro ainda é recente aqui – ressalta Melise Zanoni, funcionária da Diretoria de Arte da Fundação Cultural de Balneário Camboriú.
Produtor cultural, Jamil Dias aponta os hábitos da região como um dos motivos para a escassez de eventos culturais na agenda de teatros físicos. Para ele, a falta de público é uma realidade do Vale do Itajaí:
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– A questão operária enraizada é muito forte. Pessoas que moram longe do centro acham que os teatros são distantes e que o local não é para eles. Outro ponto é que a cultura não é entendida como negócio. É tudo visto como lazer, infelizmente.
O produtor cultural João Correia concorda sobre a ausência do público em determinados espetáculos, mas reforça que muitas vezes falta comunicação. Por isso, a formação de público precisa ser revista:
– Hoje o que falta é a formação de plateia. Às vezes também falta de informação, informação que tem que chegar rápido para o público, pois se o público não sabe, não vai e se não vai os produtores nacionais, estaduais e principalmente os locais deixam de ofertar determinados espetáculos por não ter público – reforça Correia, que na tentativa de formar público oferece peças infantis em escolas da região. (colaborou Pablo Gomes)
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