Atemporal e brasileiríssima, a obra Sargento Getúlio, publicada em 1971, do escritor e jornalista brasileiro João Ubaldo Ribeiro, ganhará vida nesta quinta-feira no palco do Teatro Juarez Machado. O grupo Teatro Nu, de Salvador, apresenta ao público um monólogo que traz em sua essência um pedaço do sertão brasileiro e um espaço para reflexão.
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Vencedora do Prêmio Braskem de Teatro na categoria de melhor ator em 2011, a peça ocorre às 20 horas, com distribuição gratuita de ingresso às 19 horas.
O espetáculo apresenta a história de um homem rude – o sargento Getúlio, que valoriza a honra da palavra, algo que, segundo o ator Carlos Betão, está fora de moda nos dias atuais, especialmente na política. O militar é incumbido da missão de transportar um prisioneiro e inimigo político de seu chefe. No meio da jornada, diante de mudanças no panorama político, ele recebe a ordem para soltar o prisioneiro, mas Getúlio leva até as últimas consequências a sua palavra empenhada.
– O palco me exige inteiro, essa história não pode ser contada pela metade. A plateia está ávida para conhecer este sargento nordestino, este caboclo sergipano, e o ator tem que ser honesto para conduzir o espectador para esse universo – conta Betão sobre o processo de construção do personagem – conta.
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Embora se trate de um monólogo, há uma variedade de personagens no palco. Amaro, amigo de Getúlio; Luzinete, a grande paixão do sargento; o padre; e Nestor, o fazendeiro que oferece guarida a Getúlio.
– Getúlio é um grande contador de casos, e, no Nordeste, os contadores de casos arremedam as pessoas, as figuras que estão envolvidas nas histórias. Esse arremedar não tem a preocupação de buscar características das pessoas, é mais uma coisa descompromissada, uma gozação, um deleite – explica Betão.
O cenário é minimalista. Aos olhos do público, estará disponível apenas uma carcaça de uma caminhonete sobre um pequeno móvel de madeira. O ator explica que a estrutura cênica reflete a falta de alternativa que o personagem possui diante da importância que dá em sustentar sua palavra e manter a sua coerência.
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Nascido no Sul da Bahia, em uma cidade fundada por sergipanos, Betão, que conta com 35 anos de carreira no teatro, traz na veia alguns ingredientes que colaboraram com a construção de Getúlio: uma memória povoada de sons, gestos e cores das pessoas da comunidade, aproveitando-se da memória emotiva para criar Getúlio.
A peça faz parte da primeira etapa do 17º Circuito Palco Giratório 2014 do Sesc e coleciona mais de oito mil espectadores. E, para quem ainda estiver na dúvida, o ator deixa a dica:
– Com certeza, o público de Joinville terá a oportunidade de entrar no universo ubaldiano e conhecer a poesia e alma de um grande escritor brasileiro. E é como diz o próprio Getúlio: Quem nunca viu não sabe o que é ! – brinca
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::Serviço::
O quê: Sargento Getúlio, do grupo Teatro Nu, de Salvador.
Quando: nesta quinta, às 20 horas.
Onde: Teatro Juarez Machado, no Centreventos Cau Hansen (avenida José Vieira, 315)
Quanto: Gratuito, com distribuição de ingresso a partir das 19 horas.