Quando o Palacete Schlemm estava prestes a ser inaugurado, em 1930, o jornal A Notícia foi convidado para visitar o imóvel. Construído na esquina da rua do Príncipe com a Jerônimo Coelho, no Centro de Joinville, o prédio era uma edificação ousada para a época, ainda que Joinville vivesse seu momento auge na economia baseada na erva mate. "É um verdadeiro palacete. Amplo em suas linhas geraes, com três andares, architectonicamente elegante, recomenda o bom gosto do seu idealizador e a competência technica da firma constructora, Miers & Irmãos. As instalações internas são excelentes. Tudo de acordo com as exigências da comodidade e da hygiene.", dizia a matéria publicada em 10 de março de 1930 no jornal, ainda com a grafia da época.
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Há cinco anos, a empresária Daniela Fritsche luta para restaurar o prédio que continua sendo um dos imóveis que mais impressionam os moradores e turistas de Joinville. Ela é trineta do construtor, de quem descende por parte de mãe. Apesar de suas salas comerciais no térreo estarem permanentemente ativas, os pisos superiores estão vazios há três décadas.
No fim dos anos 1980, quando o pai dela, comprou integralmente o imóvel — que havia sido “parcelado” entre vários herdeiros —, seu sonho era transformá-lo em hotel. Mas faleceu no início dos anos 1990 e o valor guardado para a reforma do palacete foi confiscado durante o Plano Collor, deixando a família sem recursos para a obra.
Desde 2013, Daniela tenta restaurar o imóvel, que foi transformado em patrimônio municipal em 2001. Até agora, cerca de R$ 500 mil já foram investidos na produção do projeto arquitetônico e dos projetos complementares (o primeiro é o planejamento para a construção, o segundo, para questões como hidráulica e elétrica); reforma do telhado, com construção de uma subcobertura; e das esquadrias.
Atualmente, parte deste investimento está sendo usado na requalificação da fachada, inclusive com a instalação de uma nova marquise. Ela conseguiu aprovar um projeto via Lei Rouanet que dá direito à captação de até R$ 6 milhões, mas, até agora, nenhum valor foi conquistado.
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— Quando comecei os processos para o restauro, a ideia era transformar em salas comerciais com um corredor musealizado, que contaria a história da casa e da família. Mas não posso afirmar o que será no futuro, porque como saber qual será o modelo de negócio em atividade quando conseguir terminar? — desabafa Daniela.