Os Mazotto são uma das famílias mais tradicionais que frequentam os jogos do JEC, desde a primeira partida do clube, em 1976. Sob chuva ou sol, em boa ou má fase, eles sempre estão atrás do gol próximo da torcida adversária com um bandeirão onde se lê o sobrenome Mazotto e o escudo do time do coração. Uma tradição que começou com o patriarca José e ganhou adesão de cada novo integrante que chegou à família ao longo dos anos.

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O aposentado José Mazotto, de 77 anos, é um apaixonado por futebol desde a época em que morava em São João Batista. Quando chegou a Joinville, em 1972, passou a frequentar o campo do América e quatro anos depois viu nascer o Joinville Esporte Clube. Foi paixão à primeira vista. No primeiro jogo contra o Vasco, em 1976, José estava na arquibancada com os filhos para ver o empate em 1 a 1.

— Lembro até hoje que eu tinha 13 anos e estava atrás da goleira, agarradinho na grade vendo os dois gols do jogo. A gente sempre ia de ônibus ou de bicicleta, do jeito que dava, para ver o JEC com meu pai — conta o filho mais velho Almir, de 55 anos.

O marceneiro é um dos sete filhos de seu José, que ainda tem 15 netos e seis bisnetos. Almir conta que cerca de 20 pessoas da família geralmente iam aos jogos na Arena, onde se juntavam com outros amigos que fizeram ao longo dos anos no estádio. O número diminuiu um pouco nos últimos anos, mas a presença dos Mazotto ainda é garantida em toda partida.

O filho mais velho conta que os momentos mais marcantes vividos pela família junto ao clube foram o último título do octacampeonato na década de 1980 e o título da Série B que garantiu o retorno à elite do Campeonato Brasileiro em 2014. Porém, nem mesmo as quedas consecutivas nos últimos anos afastaram os Mazotto da Arena.

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Agora, com o clube de volta à Série D, a família espera novas conquistas para comemorar junto com o JEC. Almir assistiu de casa o primeiro jogo e até gostou da atuação do time, apesar da derrota por 1 a 0 para a Ferroviária. A expectativa continua positiva, mas ele pede comprometimento para que aconteça o resgate do Joinville.

— Para subir de novo tem que começar de baixo. Essa torcida já resgatou muito o JEC e com certeza vai fazer de novo, mas os jogadores têm que entrar em campo por amor sabendo que estão representando uma cidade inteira — defende.

Neste sábado, a família estará em peso no estádio para conferir de perto a estreia do Joinville em casa diante do Maringá. Atrás do gol, próximo da torcida adversário, a bandeira dos Mazotto estará estendida e a festa é garantida para apoiar o time rumo à primeira vitória na competição.

Carinho da torcida e solidariedade

A paixão da família pelo clube ao longo do tempo também se transformou em carinho da torcida tricolor pelos Mazotto. Além das amizades feitas nas arquibancadas da Arena, a família contou com uma mobilização que reuniu jogadores, torcida e até outros times com uma única causa: ajudar uma das filhas de seu José a arrecadar cerca de R$ 90 mil para fazer uma cirurgia de retirada de um câncer no cérebro, em 2013.

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Em um jogo contra o Santos, pela Copa do Brasil, o goleiro Ivan pediu a camisa de Neymar após o apito final para leiloar e conseguir dinheiro para Angela Maria Mazotto Lohmann. A princípio, o craque brasileiro não queria trocar de uniforme, mas após ouvir a história da torcedora tricolor doou a camisa para o então jogador do JEC.

Além disso, os torcedores do Joinville fizeram doações e jogadores do Bragantino também ajudaram após jogar contra o JEC na Arena. Irmão de Angela, Almir lembra de ter visto a torcida do Atlético (GO) com uma faixa em apoio à joinvilense em um jogo realizado em Goiânia.

— A torcida do JEC é maravilhosa. Todo mundo abraçou essa campanha para ajudar a minha irmã e somos gratos até hoje. Graças a Deus, ela fez a cirurgia e está bem — conta.