Paixão pelas cruzadinhas

Desde que o Diário Catarinense passou a publicar as respostas das Palavras Cruzadas na edição do dia seguinte, há cerca de quatro meses, vários leitores reclamaram, via e-mail, redes sociais e por intermédio da equipe do call center. Eles estavam acostumados a conferir imediatamente as respostas, enfim, a resolver o passatempo logo, sem deixar para mais tarde. Atendendo aos pedidos, o DC voltou atrás.

Um dos assinantes que reprovou a mudança, adotada por uma questão de processo interno da Editoria de Variedades, foi o aposentado Glairton Cardoso Pinheiro, de Balneário Camboriú, fã inveterado das cruzadas.

– Gosto de tirar as dúvidas no mesmo dia. Faço as cruzadas todos os dias, sempre à noite. Recorto e resolvo o passatempo depois do jantar – afirma Glairton, 64 anos, que acredita nos benefícios do exercício para a memória.

Como se fala “ovo” em inglês, qual o mais falado dos idiomas eslavos, como são chamadas as namoradas do marido adúltero e como são conhecidas as regiões alagadiças da Amazônia. Questões tão diversificadas como essas são lançadas diariamente aos leitores, que acabam sendo desafiados a relembrar ou conhecer coisas novas sobre acontecimentos históricos, mundo pop, celebridades, esporte, línguas estrangeiras etc. Publicadas no formato que conhecemos hoje desde a década de 1910 pelos jornais norte-americanos, as cruzadas são a menina dos olhos de muitos que acompanham o DC.

– O bom de as respostas serem no mesmo dia é que a gente já aprende na hora. Se fica uma dúvida, discutimos o assunto em casa – afirmou o leitor Campolino José Alves, 69 anos, à repórter Carol Macário na matéria publicada no início de junho. O texto informava que, em função dos inúmeros apelos, o DC tinha repensado e voltado a trazer as respostas na edição do mesmo dia. Decisão que foi comemorada pelo aposentado Glairton em contato com os profissionais que fazem uma pesquisa diária com os assinantes do jornal.

A receptividade da equipe da Variedades às manifestações encaminhadas pelo público é um bom exemplo de como o jornal pode ser construído coletivamente, dentro e fora da Redação. Para isso, opiniões, sugestões e críticas devem ser recebidas com o máximo de abertura e tratadas com absoluta transparência. Não existem donos da verdade e não há problema em reavaliar uma decisão. Como no caso das cruzadinhas, que suscitam paixões, essa interação é também um desafio diário.