Paixão Azurra: o “timing” para as ações no futebol

Não há dúvidas do envolvimento emocional existente no futebol na relação entre torcedor e clube. Tal movimento emocional, modernamente, pode ser utilizado de várias formas para aumento de receitas e captação de recursos, desde que se compreenda os movimentos das arquibancadas.

Recentemente, o Vasco da Gama, que tem sérios problemas administrativos e financeiros, mas em recuperação dentro e fora de campo — fato percebido pelo torcedor — usou do momento de forte exposição do maior rival, Flamengo — com os vascaínos querendo demonstrar também seu protagonismo — bem como a conhecida semana “Black Friday”, para lançar fortíssima campanha por novos associados com preços promocionais.

O resultado não poderia ser melhor: em uma semana, mais de 100 mil novos sócios torcedores, sendo agora o clube com mais associados do país.

Na Ressacada, porém, o “timing” não parece fazer a menor diferença. No contexto da pior campanha entre catarinenses da história do campeonato brasileiro, e segunda pior campanha entre todas as equipes na era dos pontos corridos, com o presidente completamente sumido, sem sequer promover uma entrevista coletiva para falar de futebol após o vergonhoso rebaixamento de 2019, o Avaí lança uma vanguardista plataforma de banco digital, o Avaí Bank.

Por tudo que se abordou na entrevista coletiva de ontem, com os representantes dos parceiros da Futebol Card, parece mais do que claro que trata-se de uma ideia com enorme potencial para os clubes brasileiros. Nesse sentido, não há reparos a serem feitos. Porém, como se destacou do presente texto, no futebol, as ações, por todo o contexto emocional, precisam ser pautadas pelo “timing”.

Basta um pouco de bom senso para perceber que, com o ambiente de completa tristeza e desânimo que cerca a Ressacada, é baixíssima a possibilidade de engajamento em qualquer campanha do tipo que o clube faça no momento. Afinal, o torcedor nunca esteve tão afastado do clube, por culpa exclusiva dos seus próprios dirigentes.

Por vezes, parece que o Avaí toma algumas ações propositalmente para depois argumentar que “tentamos, mas o torcedor não colaborou”. Incrível.