Pais de filhos pequerruchos devem ficar atentos à necessidade de mais uma vacina. Foi incorporada esta semana ao calendário infantil a imunização contra a hepatite A, que será oferecida gratuitamente nos postos do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o país. Santa Catarina já recebeu as primeiras 10 mil doses e na segunda-feira fará a distribuição para as 20 regionais, que repassarão os lotes para os 295 municípios. A partir de então, cada cidade irá definir a data de início das aplicações da vacina.

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A meta é proteger 3 milhões de crianças em todo o país, sendo 87,4 mil em Santa Catarina, na faixa etária entre os 12 meses e os dois anos incompletos, contra a doença infecciosa que afeta o fígado de forma severa. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro. O plano é controlar a doença, que se alastra especialmente nas regiões com saneamento precário, até imunizar a totalidade da população nos próximos anos. Nesta primeira etapa, o governo investiu R$ 111 milhões na compra de 5,6 milhões de doses.

– A partir do momento em que podemos reduzir cerca de 65% dos casos sintomáticos da doença e 59% dos óbitos, temos absoluta convicção de que o investimento vale a pena – destaca o ministro.

Entre 1999 e 2013, o país registrou mais de 151 mil casos de hepatite A – número considerado subestimado pelo governo. Em SC, os registros da doença são inexatos.

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Conforme relatório divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive), a incidência a cada 100 mil habitantes caiu de 25 em 2000, quando tinha mais casos que as hepatites B e C, para menos de cinco em 2008.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, em 2013 foram registrados dois casos da hepatite A entre crianças até 14 anos. Em 2014, já são quatro pacientes

nessa faixa etária.

– A hepatite A é subnotificada, às vezes os médicos atendem e não notificam o Estado. Pode haver muito mais casos do que a gente acha – avalia a chefe da Divisão de Imunização da Dive, Luciana Amorim.

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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Associação Brasileira de Imunizações (Sbim) vinham recomendando que postos proporcionassem gratuitamente a vacina contra a hepatite A. Aproveitando o transcurso do Dia Mundial de Luta contra Hepatites Virais, celebrado em 28 de julho, o Ministério da Saúde fez o anúncio.

Pediatras já prescreviam a vacina no Brasil

O médico Juarez Cunha, integrante do comitê de ética da Sbim, elogia a medida. Diz que o Brasil passa a dispor de um calendário de vacinação completo, equiparável aos melhores do mundo. A vacina é feita com o vírus inativado.

– É uma ótima notícia. Essa vacina contra a hepatite A é 100% eficaz e segura – garante Cunha.

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Ele também observa que clínicas privadas normalmente aplicam duas doses da vacina, com um intervalo de seis meses. Mas assegura que a dose única supre a necessidade. O profissional que atua no Rio Grande do Sul lembra que a Argentina já lançou

programa semelhante, com uma só imunização, obtendo resultados positivos.

– Na Argentina, a principal causa de transplante de fígado era o vírus da hepatite A. Com a vacinação em dose única, praticamente não tiveram mais transplante por esse motivo – diz o médico infectologista.

Injeção eficaz e segura, sem reações incômodas

A vacina contra a hepatite A não causa reações incômodas, é eficaz e segura, tanto que pode ser tomada paralelamente a outras imunizações previstas no calendário básico infantil. Será aplicada nas crianças por meio de injeção nos postos do SUS de forma gratuita.

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A garantia de qualidade é do Ministério da Saúde, que se associou ao laboratório Merck Sharp & Dohme Farmacêutica, o qual irá transferir a tecnologia e a fórmula ao Instituto Butantan, de São Paulo.

A taxa de incidência da hepatite A vem caindo no país desde 2006, mas ainda atinge a média de 3,2 casos para cada 100 mil habitantes. Apesar da tendência de queda, o Ministério da Saúde lançou a vacina porque os números seguem alarmantes. De 1999 a 2013, foram registrados 151 mil episódios. Entre 2009 e 2012, morreram 761 pacientes no Brasil. A região Sul do país tem 16,3% dos casos.

A faixa etária escolhida – crianças de 12 meses até dois anos incompletos – não foi aleatória. O ministério elegeu o público-alvo com maior impacto na incidência. E já projeta ações futuras, a partir da experiência de outros países.

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Mas outras pessoas, inclusive adultas, podem tomar a vacina em clínicas privadas, desde que consultem o médico antes. Não será uma vacina de campanha isolada. Ela entrará na rotina como imunobiológico, permanecendo no calendário da criança brasileira.

Os Estados de Acre, Rondônia, Alagoas, Ceará, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Distrito Federal e Rio Grande do Sul implementam a imunização ainda neste mês. Em agosto, além de Santa Catarina, a previsão inclui Amapá, Amazonas, Tocantins, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.