Na ânsia de achar uma luz na busca pelo curso superior ideal, vestibulandos indecisos podem acabar desconsiderando um bom aliado que está dentro de casa: os pais.

Continua depois da publicidade

Isso não deve ser surpresa para ninguém. Eles têm experiência de vida, já passaram pela mesma situação de escolher um futuro profissional e, de quebra, desejam a felicidade do filho. Os pré-requisitos são perfeitos, só falta acertarem os ponteiros para que toda essa vantagem seja bem aproveitada.

Ninguém conhece melhor o adolescente do que ele mesmo

Por muito tempo, os pais foram considerados uma influência não muito positiva quando chega a hora de o vestibulando escolher o curso. Boa parte da literatura produzida na área nas décadas de 60 e 70 deu fôlego a essa tese. Os estudantes teriam de ser livres para escolher segundo sua própria vocação. Isso fez os pais se afastarem do processo. Agora, eles são trazidos de volta como aliados, desde que saibam como conversar com os filhos.

– Conversa não pode ser pregação. Por mais experientes que os pais sejam, sempre há algo a aprender sobre o filho. Além disso, ninguém conhece melhor o adolescente do que ele mesmo, e suas opiniões, embora imaturas, devem ser ouvidas, respeitadas e analisadas – diz a psicóloga Maria Célia Lassance, do Centro de Avaliação Psicológica, Seleção e Orientação Profissional (Cap-Sop) da UFRGS.

Continua depois da publicidade

O que fazer

Muitas vezes, querendo deixar os estudantes livres para escolher a carreira sem pressão, os pais acabam deixando os filhos solitários nesse momento. É preciso saber como ajudá-los. Confira algumas dicas:

1 :: Pais e filhos devem trocar informações. Os pais costumam conhecer bem os seus filhos, mas não sabem todas as suas potencialidades, nem todos os seus limites, pois não estão com eles 100% do tempo. Por outro lado, para os filhos é importante conhecer a avaliação que os pais fazem de suas características.

2 :: Os pais têm uma história profissional. Já estiveram na situação de escolha, sentiram dificuldades e tiveram dúvidas. Conversar sobre esta história é importante para que os pais possam se colocar no lugar do filho que escolhe. Para os filhos, é a chance de ver uma trajetória de verdade. Para que percebam que nenhuma escolha mantém-se exatamente a mesma desde a adolescência.

3 :: Pais possuem redes de contatos, já estão inseridos no mercado de trabalho. Logo, podem proporcionar visitas a locais de trabalho e entrevistas com profissionais para incrementar as informações profissionais de seus filhos.

Continua depois da publicidade

4 :: Conversa não é pregação. Isto é, por mais experientes que os pais sejam, sempre há algo a aprender sobre o filho em uma conversa. Além disso, ninguém conhece melhor o adolescente do que ele mesmo, e suas opiniões, embora imaturas, devem ser ouvidas, respeitadas e analisadas com seriedade.

5 :: Ninguém nasce de uma alcachofra. Isto significa que a família influencia sempre. Se não no conteúdo da profissão, pelo menos na forma, nas crenças que a família tem sobre o trabalho, o sucesso e as profissões. Este momento requer abertura de todos, pois só a informação pode levar a uma escolha ajustada.

Quando os pais fazem bonito

– Regram os horários de estudo dos filhos

– Incentivam o vestibulando a conhecer as variadas opções profissionais (mostram revistas, guias e possibilitam que os filhos conheçam o mercado de trabalho)

– Estimulam o vestibulando para que ele seja guiado pela vocação e não apenas pela remuneração da futura profissão

Continua depois da publicidade

– Acompanham a preparação sem impor a obrigação de passar no vestibular

– Estimulam a leitura de jornais, revistas e livros obrigatórios

– Discutem com o vestibulando conteúdos de atualidades noticiados pelos meios de comunicação

– Proporcionam um ambiente favorável ao estudo com atenção para o silêncio

Quando os pais fazem gol contra

– Cultivam a ideia de que somente as universidades públicas têm um ensino de qualidade

– Interferem demais na preparação do vestibulando

– São negligentes com a rotina de estudos do filho

– Fazem comparações com conhecidos e parentes que já passaram no vestibular

– Impõem ao filho a escolha por determinada profissão

– Não criam oportunidades para que o filho tenha acesso às opções oferecidas pelo mercado de trabalho

– Focam as atenções apenas no salário que o filho poderá ganhar como um futuro profissional e desconsideram a vocação e o desejo dele

– Pressionam em excesso e exigem a aprovação

Fonte: Centro de Avaliação Psicológica, Seleção e Orientação Profissional (Cap-Sop) da UFRGS