O início do ano letivo é um período de expectativa para a maioria dos alunos de Joinville. É época de adaptação a novos professores, amigos e até a rotina. Mas, para alguns estudantes da Escola Municipal Professor Sylvio Sniecikovski, no bairro Jardim Paraíso, a primeira semana foi marcada por falta de professores e de aulas. De acordo com pais de alunos e professores, no ano passado chegaram a faltar nove profissionais. A Secretaria de Educação (SED) afirma que a situação ocorreu por aposentadoria e afastamentos por motivo de saúde.

Continua depois da publicidade

Segundo a professora de artes da escola, Cintia Santos, as aulas começaram com pelos nove profissionais a menos no quadro de funcionários. Segundo ela, o problema se arrasta desde outubro do ano passado, quando o contrato de alguns profissionais venceu e as vagas não foram preenchidas. Desde então, para não deixar os alunos sem aula, os professores da unidade se dividem e lecionam para mais de uma turma ao mesmo tempo.

De acordo com a Secretaria, para atender a demanda, após a transferência e ampliação de carga horária do corpo docente, órgão realiza constantemente a contratação de professores. Nos casos de faltas pontuais, como atestado médico ou outras ausências, a equipe técnico-pedagógica atende aos alunos. A SED ainda afirmou que a situação aconteceu devido a alguns casos por causa da aposentadoria e em outros afastamentos por motivo de saúde.

Com o problema de falta constante de efetivo, os profissionais da escola tinham esperança que a situação se resolvesse com o início deste ano letivo. Entretanto, quando chegaram ao local na última segunda-feira (5), os professores ainda esbarraram no déficit de profissionais. Observando a situação, o então diretor da unidade decidiu dispensar os alunos dos dias 7 a 9 de fevereiro, para que não ficassem mais uma vez na escola sem ter aula.

— O diretor foi chamado para uma reunião na quinta-feira, e desde lá não retornou mais para a escola. Nós ficamos muito revoltados com a situação, porque ele tentou resolver o problema. Mas agora, sem ele e os professores, a nossa situação ficou ainda pior — afirma Cintia.

Continua depois da publicidade

Por causa dos dois problemas – da exoneração do diretor e da falta de colaboradores – os professores da unidade chegaram a realizar um protesto na última sexta-feira (9). A Secretaria informou que a saída do diretor da escola ocorreu por iniciativa dele e o órgão autoriza a dispensa de alunos.

A escola atende atualmente 1.073 alunos, divididos entre 36 turmas do 1º ao 9º ano, nos períodos matutino e vespertino. O filho de Eliane Dias de Souza estuda no sétimo ano. O adolescente ficou sem professor de história de geografia durante grande parte do final do ano passado.

— Meu filho disse que de geografia uma professora do primeiro ano deu algumas aulas, mas as outras matérias ficaram sem profissionais até final do ano — afirma.

A mãe ainda informou que neste ano há pelo menos três professores faltando e outros profissionais da área administrativa da escola, como bibliotecário, auxiliar de direção e orientador. Para Tatiane de Oliveira que também tem a filha de seis anos matriculada na escola do Jardim Paraíso, a situação vem piorando com o passar dos meses.

Continua depois da publicidade

— A minha pequena, de seis anos, estuda aqui e ficou sem aula nesses dias. Mas para as crianças maiores faz tempo que está faltando professor — garante.

Escola também enfrenta falta de materiais e uniformes, conforme professora

Com a falta de profissionais, os outros servidores que estão na unidade precisam se dividir em entre mais turmas, prejudicando os alunos. Para a professora Cintia, isso baixa a qualidade do ensino e diminuí a motivação dos anos em aprender. Ainda conforme ela não é somente colaboradores que faltam: a escola enfrenta falta de material, problemas no fornecimento de uniforme e até com o livro didático.

— Tão aprendendo o que essas crianças? O Jardim Paraíso sempre sofre preconceito, dizendo ser um bairro violento. Mas como melhorar a situação se essas crianças estão sendo privadas do direito a Educação? — questiona a professora.

Quando há falta de professores, segundo a Secretária da Educação, os integrantes da equipe pedagógica da escola e da também da Secretaria fazem a substituição e a reorganização do conteúdo ocorre com planejamento entre professor e supervisor escolar. O órgão ainda garante que não é orientação que os professores cuidem de duas turmas ao mesmo tempo e, se ocorreu, foi de forma pontual. Já a distribuição de uniformes ocorre primeiramente para os alunos novos na rede municipal, na sequência ao restante dos alunos.

Continua depois da publicidade