A comunidade escolar da Associação do Pais e Amigos do Excepcional de Florianópolis realizou um pequeno protesto na tarde chuvosa desta quarta-feira, (31) na sede do bairro Itacorubi, pela manutenção do transporte gratuito para os alunos. Cerca de 150 pessoas se reuniram na quadra esportiva da Apae, onde foram informados os problemas financeiros da entidade.

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“Somos diferentes, mas com direitos iguais”, “também fazemos parte da sociedade” e “seja especial, abrace essa causa” foram alguns dos cartazes levantados pelos alunos. A partir desta quinta-feira (1º), os ônibus da instituição que levam e buscam diariamente 350 crianças e adolescentes param de circular.

Lúcia Helena de Abreu, mãe do Guilherme, de 29 anos, era uma das pessoas mais emocionadas durante a manifestação. Moradora do Saco dos Limões, ela acredita que os alunos da Apae estejam sofrendo discriminação por parte do poder público.

— O Guilherme está aqui desde os 9 anos e isso nunca tinha acontecido. Estão tirando direitos dele e de todos os alunos.

A presidente da Apae de Florianópolis, Elizabeth Teresa Donato das Neves, informa que a entidade busca através da Câmara de Vereadores a aprovação de um projeto de lei complementar que subsidie às entidades de assistência social ao deficiente o valor da passagem de ônibus do número de alunos matriculados e acompanhantes.

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— A única coisa que nós podemos fazer é correr atrás dos políticos, tentar conscientizar o poder público de que é dever deles, nós não temos mais condições de manter o transporte. O que nós podemos fazer nós fizemos por mais de duas décadas.

Conforme Elizabeth, as atividades da Apae continuarão normalmente para as crianças que puderem ser trazidas pelos pais.

A prefeitura já informou que não tem condições de arcar com mais recursos, além dos que já destina para educação, saúde e assistência social. Em entrevista ao RBS Notícias na terça-feira, a secretária de assistência social de Florianópolis, Katherine Scheiner, ameaçou inclusive cortar a verba que a prefeitura já transfere à entidade caso o transporte pare, declaração que gerou indignação de pais e professores.

— Gostaríamos muito que a entidade mantivesse esse serviço, mas se a entidade decidir pela não continuidade do serviço, a prefeitura igualmente vai precisar cumprir o que está no convênio que é a redução de repasses por conta disso — disse.

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O custo com o serviço atualmente é de R$ 120 mil por mês, incluindo carros, ônibus, manutenção de pessoal de logística, envolvendo uma equipe de 20 pessoas. São realizados em média 24 viagens por dia, resultando em 18 mil quilômetros por mês.

Uma das rendas da entidade vem da “Feira da Esperança”, que vende produtos apreendidos pela Receita Federal. Segundo a Apae, o lucro com o evento chegava a R$ 1 milhão. No entanto, como ano passado foi um ano eleitoral, o que impede esse tipo de doação, o recurso não veio.

A Apae de Florianópolis atende 565 crianças e adolescentes. O orçamento mensal da entidade gira em torno de R$ 500 mil.

COMO DOAR

Site: apaeflorianopolis.org.br/nova-doacao