Ainda sem compreender direito o mundo em que vive, uma menina de apenas três anos teve de prestar depoimento à Polícia Civil de Joinville, para contar sobre a violência sexual que sofreu no último sábado por um tio na casa onde mora na zona Norte.

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Ela respondeu às perguntas de uma policial ao lado da mãe, observada a distância pelo delegado Douglas de Cinque. Com a impressão digital dos dedinhos, assinou o documento para registrar o o seu depoimento. Foi o ponto de partida para o inquérito que levou ao indiciamento do suspeito de 27 anos, irmão do pai da criança.

Diante da situação, o casal decidiu se mudar. Já encontrou casa para morar de aluguel em bairro distante.

– Aqui, não fico mais. Ele tentou tirar a inocência da minha filha. Não sabia que meus filhos corriam esse risco -, disse segunda-feira a mãe da menina, em meio a lágrimas.

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Outro ponto que levou o casal a se decidir pela mudança foram as represálias de parentes por ter procurado a polícia.

De acordo com a psicóloga e coordenadora do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado às Famílias e Indivíduos (Paefi), Daiana Sauerbeck, as repreensões são comuns nos lares em que ocorrem esse tipo de violência.

Em alguns casos, a agressão permanece em segredo e só é revelada depois de muito tempo. O pai da vítima nunca imaginou que o irmão se tornaria uma ameaça para os filhos. Independentemente de laços familiares, os pais da menina acionaram a polícia.

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A menina foi levada à delegacia após passar por exames no Hospital Infantil Jeser Amarante Faria.

– Mais calma e na presença dos pais, conseguimos ouvi-la. Falou de forma devagar, foi de chorar -, contou o delegado, que indiciou o tio por estupro de vulnerável.

O suspeito confessou o crime e foi levado para o presídio de Joinville. Ele morava em uma casa no mesmo terreno da família.

Os pais da criança viram a violência ao procurar pela menina. Vizinhos avistaram o tio e a sobrinha trancados no quarto em uma das casas. Ao arrombar a porta, os pais encontraram a filha sobre a cama.

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– Ela se escondeu embaixo da cama, estava assustada -, relatou, inconformada, a mãe de 27 anos.

Os pais não conseguiram impedir, porém, que a menina saísse sem ferimentos da agressão.

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