Uma quadra que não tem cara de quadra de esportes. O chão não está demarcado com as linhas características que delimitam o futebol, vôlei e basquete. As únicas linhas no cimento puro são as rachaduras. Estas, que já foram tão grandes que derrubaram e machucaram uma aluna de oito anos. A trave do gol está enferrujada e a rede rasgada. Ao lado do espaço há entulhos e uma calçada pouco acessível. As grades que protegem a quadra — que não é coberta — visivelmente trazem riscos às crianças que usam o local de forma educativa. Assim é a quadra da Escola Estadual Homero de Miranda Gomes, fundada em 1985, e que fica no bairro Ipiranga, em São José.
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O mau estado e o descaso com a quadra motivou avós, mães e pais de alunos a realizarem um abaixo-assinado pedindo pelas melhorias ao Governo do Estado. O documento, com cerca de 600 assinaturas, foi entregue ao Ministério Público de São José. A escola possui 380 alunos.
— Minha neta de oito anos prendeu o pé em uma das rachaduras da quadra e caiu. Ela machucou os braços, pernas e até o nariz. Tivemos que levar ela para o hospital e ficou três dias se ir para aula. Foi o marido de uma professora depois que colocou um cimento para melhorar as rachaduras — contou a dona de casa Acácia Ramos de Souza, 41 anos, que organizou o abaixo-assinado.
— Foram pais, avós, tios, vizinhos de alunos. Muita gente quer ver a escola melhor e assinou — complementou a dona de casa.
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Na semana passada, quando a Hora esteve na escola, as crianças do primeiro ano do ensino fundamental estavam tendo aula de Educação Física dentro do refeitório.
—Eles têm educação física, aula de dança, aula normal, tudo dentro de um refeitório, que não é um espaço adequado para isso. E a quadra aberta também não ajuda. Minha filha tem bronquite. Volta para casa com dor de cabeça — revelou a mãe de uma estudante de 12 anos, a dona de casa Gabriela de Andrade, 38.
Ela e outra mãe, a vendedora Lucia Zulmira Vieira, 40, são, inclusive, ex-alunas da escola do bairro Ipiranga. Para elas, dói ver a escola do bairro, onde elas cresceram, ser tratada com descaso pelo poder público.
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— Tudo o que foi feito de manutenção na escola, o fato de ainda ter salas bem cuidadas, é por causa dos professores. Eles que cuidam. Somos uma grande família. Desde educadores, pais ao vigilante. Só queremos que nossos filhos tenham melhores condições, principalmente, na prática de esportes — observou Lucia.
Cuidado extra
A dona de casa Angela Martendal da Luz, 45, tem uma filha autista na escola e diz que gosta muito deste clima de “grande família”, mas fica com medo por sua filha. Principalmente pelo acesso precário até a quadra.
— É difícil para descer até a quadra. Tem mato, não é coberta. Minha filha é cardíaca. Eu digo para ela não fazer educação física em dia de sol quente — contou.
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Ela ainda questiona sobre o terreno que fica ao lado da quadra, que não é utilizado para nada. Para a mãe, uma horta poderia ser feita ali e ajudar na merenda saudável das crianças.
O que diz a Secretaria de Educação
De acordo com a Secretaria de Educação de SC, “uma equipe técnica da diretoria de Infraestrutura da Secretaria de Estado da Educação fará visita na escola Homero de Miranda para fazer o relatório de necessidades emergenciais”.
De acordo ainda com a nota, “a estrutura da escola recebeu obra de revitalização em 2012 (reforma parcial, pintura e revisão das esquadrias do telhado). Como não está programada reforma ou revitalização da unidade escolar, neste momento, a SED vai agendar com a empresa responsável pela manutenção predial para atender as solicitações emergências da escola”.
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