A tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, que irá completar 10 meses em novembro, foi o momento mais dramático que a presidente Dilma Rousseff enfrentou desde que chegou ao Planalto, em 2011. A revelação foi feita nesta quarta-feira, durante entrevista concedida a jornalistas do Grupo RBS.
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> Confira a íntegra da entrevista de Dilma
A petista também falou, por cerca de uma hora, sobre protestos, as viagens pelo país, preconceito por ser a primeira mulher eleita presidente da República, espionagem americana e da Abin e até de suas recentes fugas.
Leia as principais frases da entrevista:
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Infraestrutura
“O Brasil parou de investir. Então, o que aconteceu nos últimos 30 anos? Nós tivemos uma situação que foi uma hipertrofria. Ou seja, aumentou muito a parte de fiscalização e reduziu-se muito a de execução Quando cheguei no Ministério de Minas e Energia (em 2003, no primeiro governo Lula), tinha três engenheiros e 25 motoristas.”
“É absolutamente imprescindível no Brasil que a gente tenha pressa no que se refere a investimento em infraestrutura, porque tem uma carência muito grande. Quando se fica muito tempo sem investir, se corre atrás da máquina e é o que estamos fazendo.”
Machismo
“Eu nunca vi ninguém falar que um presidente homem era duro, determinado, forte e exigente. É interessante. Eu, inclusive, cheguei à conclusão de que eu estava cercada de homens meigos. Todos os homens do meu governo eram meigos e eu era muito brava.”
Viagens
“Eu acredito que, cada vez que se aproxima o final do seu mandato, você tem mais coisas para entregar, então, a viagem se torna mais constante. Eu não vou deixar de viajar por razão nenhuma, é parte integrante do exercício da minha condição de presidente.”
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Espionagem
“O que está em questão no caso da espionagem, da denúncia de espionagem não só contra o Brasil, mas contra outros países, é o fato de que foram violados e-mails privados, ligações telefônicas. Se violou internet, violou a privacidade, e não foi só de chefes de Estado, mas de indivíduos e de empresas dentro de um processo que não tem muita justificativa de luta contra o terrorismo.
“Abin acompanhou atividades. Isso é previsto na legislação brasileira, não cometeram nenhuma ilegalidade. (…) No outro caso, não é isso. No outro caso, é um aparato de violação da privacidade, dos direitos humanos e da soberania dos país. Algo que não acho correto.”
Racismo
“Num país como o nosso, que tem toda a herança da escravidão, a partir da abolição a forma de manter a hierarquia gerada na sociedade escravocrata foi o racismo. Ou seja, a diminuição das capacidades de uma certa cor de pele como forma de manter uma hierarquia social. Isso durou e tem repercussão ainda hoje. Se nós não tratarmos dessa questão que torna o negro pobre e o pobre negro, nós não estaremos construindo as condições para esse país evoluir.
“Não podemos aceitar políticos que pregam a discriminação, o racismo e o ódio. Seja de que tipo for.”
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Criminalidade
“Considero que a maior arma que temos a médio prazo para reduzir a criminalidade é a educação. Principalmente em jovens e negros.”
“Alfabetização na idade certa, creche e mais ensino integral implica com que tenhamos outra forma de introduzir o jovem na sociedade. E obviamente acesso a ensino profissionalizante e universidade.
Educação
“Professor bem formado e bem remunerado é essencial para a gente melhorar a qualidade da educação. E isso exige recurso. Não adianta botar um patamar mínimo, um salário mínimo, e o Estado, o município, não ter recurso.”
Mercosul
“O Brasil dá grande importância para o Mercosul e, ao contrário do que algumas pessoas falam, tem sido um elemento de crescimento para o Brasil.”
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Tragédia na boate Kiss
“Do ponto de vista pessoal, foi o momento mais dramático que eu vivi, porque ali você enfrentava a dor humana sem nenhum bloqueio. (…) A natureza não previu que filhos morressem antes do pai e mão.”
Passeio do moto
“Se eu tivesse tempo, ia fazer sim [carteira para pilotar motocicleta]. Ainda não descartei essa hipótese, não. Deve ser muito interessante. Agora entendo por que tem tanto motoqueiro. Grande sensação de liberdade.”
Fugas presidenciais
“Seria muito bom se eu tivesse fugindo para isso [namorar], seria um momento de grande relaxamento. Eu estou fugindo para coisa muito pequenininha ainda, como essa da moto.”
Imprensa
“Acho que é um valor inequívoco a liberdade de imprensa no Brasil, e é algo que nós conquistamos. (…) A imprensa tem papel fundamental, mas não tenho dúvidas de que tem excessos.”
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Protestos
“Não podemos concordar com manifestações onde as pessoas escondem a cara e praticam vandalismo. (…) Não é possível achar que manifestação que destrói patrimônio público e privado e fere outras pessoas são manifestações democráticas. Eu tenho dito que de civilizadas elas não têm nada. Isso é a barbárie.”
Aumento no combustível
“Não vi, não me deram e eu não me manifestei sobre nenhuma proposta.”