A sensação é como a de entrar em uma sala de estar, com todo o aconchego. Tem sofá, quadro com flores, luminária e até uma janela. Você se sente em casa, mas é só um bom abrigo para esperar o ônibus. Espaços que também podem ser chamados de uma obra de arte em cada parada do transporte público.
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O aposentado João Batista Fernandes preparou 16 ambientes assim pela cidade de Imaruí, no Sul de Santa Catarina. Ele hoje passa boa parte do tempo cuidando de casa. Há cinco anos, o morador perdeu o único filho, que morreu em uma viagem. O filho deixou alguns desejos escritos no seu diário. Um deles era o de fazer pinturas na parede que ficava ao fundo da horta da casa da família, quando ainda moravam em Joinville.
– Hoje eu estou, assim, procurando realizar um sonho que ele queria. Só que estou fazendo aqui na comunidade, para ajudar, para tentar animar nossa comunidade, com os pontos de ônibus. Dar uma vida, porque estavam todos abandonados – conta.
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O gesto de seu João já está mesmo ajudando a levar mais ao bairro. Quem pega ônibus fica esperando a pintura chegar perto de casa.
— Eu passava, parava, olhava… Estava louco para que ele chegasse aqui para pintar, para ficar bonito como estava lá atrás. O trabalho dele é bonito. Se todos fizessem como ele, um pouquinho de cada, daqui a pouco isso aqui estará a coisa mais linda — afirma a dona de casa Iara Siqueira Matias.
As pinturas sempre trazem alguma imagem que representa a comunidade. Um capricho que deixa os moradores satisfeitos.
– Agora se tornou mais aconchegante, né, para as crianças pegarem o ônibus. Eles até ficam mais animados porque a pintura, o desenho… Até o ônibus vir, eles estão praticamente na sala de casa – conta a trabalhadora autônoma Katiane Cardoso Matias.
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Parceria oferece tintas e ajudante a seu João
Quem mantém os pontos bem cuidados são os próprios moradores, que abraçaram a ideia. A iniciativa correu a cidade e chegou ao prefeito de Imaruí, que fez uma parceria com seu João. Hoje ele tem um ajudante e as tintas são doadas por uma empresa.
— Antes eram pontos sem vida, sem luz, sem atrativo nenhum. Com esse trabalho que ele está fazendo, está ganhando vida e também chamando a atenção da comunidade até para o aspecto da preservação, do cuidado e da importância que ele representa para muitas pessoas que ainda utilizam o ônibus como meio de transporte — conta o professor de Matemática, Jucenir Vieira Rodrigues.
As pinturas de seu João ajudam também a superar a saudade do filho e a transformar a dor da perda em melhorias que ajudam até mesmo os filhos de outras famílias da comunidade.
— Eu perdi um filho, sofri, sofro por dentro, mas se a vida te dá um limão, procura fazer uma limonada. Nenhum filho quer ver a família triste, o pai triste. Temos que tocar a vida pela frente — aconselha.
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Veja fotos dos trabalhos feitos por João
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