Heron Baasch não pensou duas vezes quando soube que poderia salvar a vida do filho doando parte de seu fígado. Antes mesmo que pudesse andar ou falar, Matheus, de cinco meses, foi diagnosticado com deficiência de alfa 1 antitripsina, doença genética que atinge o órgão. A cirurgia, realizada dia 4 de janeiro em Porto Alegre, foi considerada um sucesso. Pai e filho voltaram para a casa em Florianópolis na última quinta-feira (11).
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Para o pai, foi tudo muito rápido. Matheus nasceu no dia 22 de agosto de 2020. O segundo filho do casal Louise e Heron Baasch, não apresentou nenhum problema de saúde durante a gravidez. Os dois comemoravam o aniversário de Heron junto a familiares em um fim de semana de outubro do ano passado, quando a vida virou de cabeça para baixo.

Uma foto compartilhada nas redes sociais, em que pai e filho estavam juntos, chamou a atenção de uma amiga da família que é médica. O bebê, de então dois meses, estava “muito amarelo”, alertou ela.
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— A gente teve um processo muito rápido de sair de um estado repleto de alegria para um desespero total […] Nós conversamos durante o final de semana com um pediatra amigo nosso e muito experiente e ele falou ‘olha, eu faria o exame de sangue por precaução, mas vocês não deveriam esquentar a cabeça porque isso aí [problemas no fígado] a gente está falando uma chance em 10 mil — lembra Heron.
A busca por um diagnóstico levou o pequeno à sala de cirurgia do Hospital Infantil Joana de Gusmão, onde foram feitos os primeiros exames e atendimentos. Contudo, mesmo abrindo o corpo frágil de Matheus, os médicos não conseguiram saber o que causava o tom de pele amarelado. A resposta veio de um teste genético.
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Com dúvidas do que certezas, a família procurou ajuda de especialistas em São Paulo para entender sobre a doença e a doença do fígado.
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— Nós estavamos muito chateados porque ele tem o sangue fator RH negativo e a minha família inteira e a família inteira da minha esposa tem é positivo. Pensávamos então que ele não poderia receber nem de pai e mãe e nem dos tios. A gente não sabia também se tinha a possibilidade de doadores intervivos, achamos que talvez fosse uma agulha no palheiro. Ter a sorte de cair numa lista, receber a prioridade e receber um fígado antes da criança ter sequelas que pudessem durar para a vida toda e ainda ter que ficar torcendo para uma família perder um filho para que o nosso fosse salvo — comentou Heron.

Mas a chateação se tornou esperança quando os dois descobriram serem compatíveis. A doutora Flávia Feir, que participou do transplante na Santa Casa de Porto Alegre, explica que para o transplante de fígado é considerado o fator ABO e não o de RH. O que tornou pai e mãe compatíveis para a doação ao filho.
— O transplante de fígado com o doador vivo, que é o transplante intervivos, depende de uma compatibilidade de sangue que a gente chama de ABO. Então a gente explica para os doadores que é sempre a letrinha que importa. O finalzinho, mais ou menos, não é importante para o transplante de fígado. Desde que a compatibilidade ABO seja adequada a gente pode proceder então com a avaliação do doador — afirmou.
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Eles decidiram então que Heron seria o doador de Matheus. Pela proximidade com sua casa, a família optou pelo tratamento na capital gaúcha. Num primeiro momento, o transplante foi marcado para o dia 11 de janeiro, mas o bebê teve uma piora no quadro de saúde durante as festas de fim de ano e precisou ser internado com urgência.
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Uma melhora leve na saúde do bebê garantiu a realização da cirurgia, que foi adiantada para o dia 4. Enquanto o pai se recuperava, Matheus precisou lutar pela vida. O mês de janeiro, considerado o mais sofrido pelo pai, teve novas cirurgias, agulhadas e inchaço pelo corpo do pequeno.
No dia 23 de janeiro, Matheus começou a se recuperar. Voltou a sorrir nos dias seguintes. A alta aconteceu oito dias depois. Segundo a família, o bebê se recupera bem.
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