Um videocassete levou Carlos Consoli, 49, a conhecer seu mais novo filho “gerado fora de casa” como ele diz. O fonoaudiólogo não teria nenhum motivo para adotar uma criança. A família já era grande, três filhos biológicos cultivados por um casamento sólido que hoje completa 21 anos.

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>> Sobram pais na fila de espera para adotar uma criança em Santa Catarina

A correria também sempre foi grande. A mulher médica e cheia de compromissos como ele e ainda filhos para educar e dar atenção. Quando o primeiro filho biológico tinha apenas cinco meses e meio, o casal adotou uma bebê portador de HIV que teve uma passagem rápida pela família.

A criança viveu por ano. A morte do primeiro filho “feito fora de casa” não deixou traumas, mas uma vaga em aberto. Vieram mais dois biológicos e lá estava a família formada, pai, mãe e três filhos, duas meninas e um menino. O tempo passou e vaga estava lá.

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Eles não procuravam preenchê-la com rapidez. Imaginavam que na hora certa seria ocupada. E foi assim que aconteceu. Carlos conheceu Israel com 10 anos em uma creche onde chegou para doar um videocassete. A sintonia veio no primeiro momento.

Em um mês a família estava com a guarda provisória de Israel e ele já havia ocupado a vaga que ficou vazia por muitos anos. A adoção definitiva veio depois de três anos e meio de muita insistência com assistentes sociais e oficiais de Justiça.

– Para adotar não se deve escolher, a pessoa certa virá seja ela criança ou adolescente, menino ou menina, branca ou negra. Filha de mãe esquizofrênica e de um pai detento, não importa. Nada disso define o caráter da criança. É um mito pensar que comportamento vem como carga genética. Israel é hoje como todos os nossos filhos biológicos, com suas qualidades e defeitos, com suas manias e chatices, tudo igual – conta Carlos.

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O pai de Israel conta que no início a criança adotada chega como uma perfeição. Não demonstra problemas e quer fazer tudo certo, depois muda de comportamento e faz tudo o que não deve.

– Eles nos testam. Pensam: se você me amar mesmo com meus defeitos é porque gosta de mim. Israel fez assim e nós enfrentamos. Depois ele se encontrou, se adaptou e a vida segue normalmente com os quatro – diz.

Israel confirma o teste e diz que teve muita sorte.

– No início a gente quer agradar. Eu sabia que a família era ótima, que eu tinha muita sorte de estar lá e não queria perder esta chance. O Carlos é um super pai – conta ele hoje com 16 anos.

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Veja o vídeo da campanha Laços de Amor, que incentiva a adoção: