Sabe quem pagou pela limpeza dos santinhos jogados nas ruas de Blumenau no primeiro turno das eleições de 2010? Você. A Justiça Eleitoral encaminhou o rateio dos R$ 29,4 mil que a prefeitura gastou para recolher as 30 toneladas de papel aos 22 partidos políticos do município. Porém, conforme a Secretaria Municipal da Fazenda, ninguém pagou.
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A Justiça Eleitoral também não registrou pagamentos e nem possui um controle de quais partidos receberam a determinação judicial. Com isso, a despesa acabou incluída nas contas da prefeitura. À época, 100 funcionários foram chamados emergencialmente pelo secretário de Serviços Urbanos, Éder Marchi, para recolher o material espalhado. O chefe de gabinete da prefeitura, Cássio Quadros, explica que a despesa foi custeada com a arrecadação de impostos e outras fontes de renda da prefeitura:
– O pagamento por parte dos partidos não aconteceu e a prefeitura acabou arcando com as despesas, como uma limpeza de rua normal – explicou.
Naquele 3 de outubro, os papéis eram tantos que ficou difícil caminhar sem escorregar perto dos locais de votação. Diante da sujeira, os juízes eleitorais daquele pleito, Stephan Laus Radloff, Osmar Tomazoni e Rubens Schulz, fizeram um levantamento de quanto a prefeitura gastou na limpeza e mandaram a conta aos partidos. O pagamento, porém, não está previsto na legislação. Com isso, o ofício levava apenas a uma obrigação moral.
– Não temos como punir quem não pagou, mas pensei que o pagamento ocorreria mais por vergonha do que por obrigação – avalia Radloff.
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Nos partidos, o assunto entrou em pauta na época, mas foi esquecido na troca de comando dos diretórios. O presidente em exercício do PSDB, Raimundo Mette, diz que o partido recebeu o ofício, mas que o documento não informava o valor a ser pago. Por isso, os tucanos não pagaram.
Diretórios têm diferentes justificativas para falta de pagamento
O DEM era liderado por Nelson Santiago – que migrou para o recém-criado PSD junto com a cúpula do prefeito João Paulo Kleinübing. Ele diz que não tem certeza se o valor foi pago. A mesma dúvida tem o atual presidente dos democratas, Paulo Gouvêa.
O presidente atual do diretório do PMDB, Paulo França, diz que o partido decidiu não pagar porque orienta os candidatos a não jogar santinhos no chão e também porque não houve cobrança.
O PT manteve o mesmo presidente. Odair Andreani explica que o partido não pagou por discordar da cobrança: – Na época, decidimos não pagar justamente porque orientamos os nossos militantes a não jogar santinho no chão.
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