O padre Claudemir Serafim pediu desculpas e disse que foi “equivocada” a afirmação feita por ele associando a produção de vacinas contra o coronavírus com células de fetos abortados. A fala ocorreu durante missa na cidade de Pedras Grandes, no Sul de Santa Catarina, e fez o pároco ser repreendido pela Igreja Católica, além de motivar um início de procedimento no Ministério Público, para apurar a divulgação de informações falsas. As informações são do G1.
Continua depois da publicidade
> Morre a mãe do empresário Luciano Hang
Em nota publicada nas redes sociais, Serafim disse que “retira totalmente” a fala, e que a declara “equivocada”:
“Peço perdão ao bispo Diocesano, aos meus fiéis e a todas as pessoas que sofreram com dúvidas no uso das vacinas, ou ofendidas com isso. Declaro, por conseguinte, que não pus em xeque a eficácia das vacinas”, diz a nota.
> Sensação de calor em Joinville chega a 61°C nesta quinta-feira
Continua depois da publicidade
> Carnaval 2021 será feriado no Brasil? Saiba como a Covid-19 afetou a festa
A fala do padre ocorreu no dia 24 de janeiro, e um vídeo (assista abaixo) do momento repercutiu nas redes sociais. Ele associou a produção de vacinas contra o coronavírus ao aborto e citou supostos efeitos colaterais, desestimulando a imunização. Segundo especialistas, é errado fazer qualquer tipo de relação entre as vacinas e o aborto, e as afirmações vão na contramão do que é recomendado pelos órgãos de saúde.
Na terça-feira (3), o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou que a 4ª Promotoria de Justiça de Tubarão vai instaurar um procedimento inicial com base no vídeo que circula nas redes sociais. A intenção é verificar se há algum indício de crime.
> Renato Igor: o sorriso de Moisés a Bolsonaro em Santa Catarina
Em carta aberta, o professor de Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina, Lauro Mattei, quem estuda o avanço do coronavírus desde o início da pandemia, contestou os comentários do sacerdote.
Continua depois da publicidade
“É importante registrar que qualquer vacina não causa nenhuma doença e, menos ainda, coloca a vida das pessoas em risco. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que somente essas vacinas [da cólera, difteria, febre amarela, varicela, tétano, tifo, rubéola, poliomielite, sarampo, meningite, hepatite B, influenza, caxumba, raiva, rotavirus, etc] são responsáveis por salvar mais de 3 milhões de vidas todos os anos. Além disso, o ato de você se vacinar tem um duplo sentido: ao mesmo tempo em que você se protege, você está protegendo a vida de outras pessoas. E isso é essencial numa vida em sociedade em que o espírito de coletividade deveria sempre guiar o comportamento individual”.
> Com UTIs lotadas, Chapecó anuncia novas restrições para bares e eventos
Segundo o virologista da Universidade Federal de Minas Gerais e do Centro de Tecnologia em Vacinas da UFMG, Flávio Fonseca, as células usadas na produção de vacinas são cultivadas de forma artificial em laboratório:
– Alguns vírus são cultivados em tecido crescido em meios artificiais dentro de garrafas. São células, algumas humanas, e nessas células o vírus se multiplica. E qual é a origem dessas células? Muitas delas têm origem em tecidos cancerígenos que foram retirados de pacientes, e algumas delas também tem origem em tecidos fetais. Mas existe uma diferença muito grande de falar que veio de fetos abortados ou que são células que são passadas em laboratório há dezenas de anos e tiveram a sua origem em algum momento de tecidos fetais.
Leia mais
Galo que bota ovos vira atração no Meio-Oeste de SC
Morador de Florianópolis joga R$ 25 mil no lixo e encontra dinheiro com ajuda de garis, diz Comcap
CPF e dados vazados? Saiba o que fazer
Concursos públicos em SC: veja vagas abertas em fevereiro, salários e como se inscrever