Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, preso nesta quarta-feira (8) suspeito de envenenar o arroz consumido pela família do Piauí, revelou em depoimento à polícia que tinha nojo e raiva da enteada, Francisca Maria da Silva, mas nega o crime. A mulher morreu na madrugada desta terça-feira (7), após perder quatro filhos por envenenamento: dois vítimas do arroz envenenado do dia 1º e outros dois há cerca de cinco meses. As informações são do g1.

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A informação do ódio de Francisco à enteada foi divulgada em coletiva de imprensa da polícia na manhã desta quarta-feira, em Parnaíba, no Litoral do Piauí.

Além de Francisca e os dois filhos, um bebê de um ano e outra criança de três anos, Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, enteado de Francisco também morreu vítima do arroz envenenado com chumbinho.

Outra filha de Francisca, uma menina de quatro anos, segue internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Francisco também foi hospitalizado, mas recebeu alta. A polícia suspeita que ele não tenha comido o baião de dois, somente simulou que iria comê-lo ao colocar o alimento no prato.

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— Ele revelou, bem como as enteadas, que o relacionamento entre eles era conturbado, para dizer o mínimo. Ele não falava com nenhum dos filhos da esposa e tinha um sentimento de ódio específico em relação à Francisca Maria, mãe das crianças — começou o delegado Abimael Silva.

A polícia seguiu destacando a forma como ele se referia aos enteados, principalmente a Francisca Maria.

— Esse sentimento de ódio era tão grande que mesmo com ela no leito da morte, ele não conseguia esconder isso no depoimento dele. Ele disse que quando olhava para ela sentia nojo e raiva. Isso são palavras dele no depoimento — continuou o delegado.

Ainda de acordo com o delegado, o homem sentia desprezo pelos filhos da mulher.

— Chamava-os de “primatas”, pessoas não higiênicas, pessoas que ele não queria conviver, mas suportava. Ele chegou a falar para a esposa: “essa tua filha não procura um homem que trabalhe, só procura vagabundo”, e manifestou várias vezes o desejo de que ela saísse de casa. Ele disse que uma vez ela alugou uma casa, onde foi morar com os filhos, e isso deu um pouco de “alívio” — revela Abimael.

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Mesmo com as declarações de Francisco, o delegado Williams Pinheiro afirma que a investigação ainda está em andamento.

— Não estamos dizendo que ele é o culpado, que ele cometeu o crime. É provável que ele seja, mas não se deve antecipar o julgamento — afirmou.

O que diz o laudo

O veneno encontrado no baião de dois foi o “terbufós”, da classe dos organofosforados. Ele é utilizado como pesticida e na composição do chumbinho, e tem a venda proibida no país.

Ao ser consumido, ele ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos. Os resultados são tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas. Os efeitos aparecem por tempo após a exposição ao veneno, podendo deixar sequelas neurológicas e causar a morte.

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Quem consumiu o alimento

  • Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco de Assis) – morto;
  • Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria) – morto;
  • Lauane da Silva, de 3 anos (filha de Francisca Maria e irmã de Igno Davi) – morta;
  • Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Lauane e Igno Davi e irmã de Manoel) – morta;
  • Uma menina de quatro anos (filha de Francisca Maria e irmã de Lauane e Igno Davi) – internada em Teresina;
  • Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos (padrasto de Manoel e Francisca) – recebeu alta;
  • Um menino de 11 anos (filho de Francisco de Assis) – recebeu alta;
  • Uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) – recebeu alta;
  • Maria Jocilene da Silva, de 32 anos – recebeu alta.

Veneno é o mesmo que matou outros dois filhos de Francisca

O veneno que estava no arroz é o mesmo que foi usado para envenenar os dois filhos de Francisca Maria em agosto deste ano. Na ocasião, uma vizinha entregou um saco de cajus envenenados aos meninos de sete e oito anos após eles “roubarem frutas do quintal dela”.

Ulisses Gabriel da Silva, de oito anos, morreu após passar dois meses internado no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). O caçula, João Miguel da Silva, de sete anos, morreu já em agosto, três dias após o crime.

A mulher está presa por duplo homicídio qualificado.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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