Era sábado de manhã, momento da semana em que a mãe aproveitava para correr atrás daquelas miudezas que dependiam do horário comercial de diversos prestadores de serviço: a costureira, a lavanderia, o sapateiro…

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O filho costumava acompanhar aquele sem-número de voltas de carro pela cidade, realizadas por motivos que ele não considerava assim tão importantes, porque apreciava a oportunidade para as conversas. De forma geral, os assuntos começavam por acaso, motivo pelo qual este não passou pelos filtros que seriam necessários para o tema, em função de compromissos assumidos pela mãe.

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Enquanto estava dirigindo, por descuido, ela fez alguma menção (sobre a qual já não recorda exatamente dos detalhes) que levou o filho a interessar-se e dar continuidade à provocação:

– Mãe, então é sério que nós estamos saindo da crise?

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– Claro, filho. Os empregos estão voltando… as famílias estão diminuindo suas dívidas e comprando mais nas lojas… essas fazem mais encomendas para as fábricas, que precisam trabalhar para fazer entregas…

Enquanto falava, a mãe se dava conta do ineditismo do tema para um menino de dez anos, que chegara à idade de tomar ciência das coisas da vida em meio às dificuldades econômicas do País.

– Mãe, então este ano vai ser melhor do que os outros?

A pergunta levou a mãe a lembrar-se do acordo que fizera no início do ano corrente. O primeiro mandamento estabelecia: ¿Entrarás no primeiro minuto de 2017 sem quaisquer expectativas para o ano e assim permanecerás até o último.¿Ao todo, eram seis. Entre eles, havia também um que impedia a realização de comparações entre o modo de vida de 2017 em relação aos seus antecessores.

Receosa de que a quebra do pacto, de sua parte, pudesse colocar a perder as tão esperadas perspectivas de estabilidade de 2017, ela preferiu contornar a conversa recém-iniciada. Mudou de assunto alegando que o ano ainda era muito jovem para que se fizesse qualquer tipo de juízo de valor sobre ele e tentou fugir para um bate-papo mais ameno, sobre a costumeira previsão do tempo.

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– Com este calor e nuvens tão carregadas, acho que a chuva vai chegar mais cedo em Joinville hoje.