As medidas anunciadas no início do mês para conter o ritmo do crédito começam a surtir efeito. Dados preliminares divulgados ontem pelo Banco Central mostram que instituições financeiras já pagam mais para conseguir dinheiro junto aos investidores. Nos nove primeiros dias de dezembro, o custo dessa captação subiu para 11,6% ao ano, o maior patamar desde janeiro de 2009 – ainda no auge da crise. Bancos também começam a elevar a margem cobrada nos financiamentos, o chamado spread.

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O resultado é que o juro, que havia caído para o menor patamar da série em novembro, começa a subir. Anunciadas em 3 de dezembro, as medidas do BC agem em pelo menos três frentes no crédito. Na primeira, com a retirada de R$ 61 bilhões de circulação por meio de depósitos compulsórios – dinheiro dos bancos que fica retido no BC – o custo de captação de recursos aumentou para os bancos. Isso acontece porque a oferta da moeda diminui e, diante disso, quem tem dinheiro passa a cobrar mais. Outro reflexo acontece pelo spread bancário – que é a diferença entre a taxa de captação paga pelo banco e o juro cobrado no empréstimo. Por essa via, começa a ser notado o efeito da exigência de capital feita aos bancos, especialmente para operações de longo prazo.

– A necessidade de maior capital para operar no crédito se reflete no spread porque eleva as despesas da operação – explica o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, ao comentar que a nova regra exige que bancos reservem mais capital para essas operações.

Isso aumenta o custo, já que agora o banco precisa reservar mais dinheiro para emprestar o mesmo volume. Esse aumento de custo do banco é repassado aos clientes por meio de uma alta no spread. Os dados do BC, porém, não permitem avaliar se a margem maior vai engordar os lucros dos bancos ou será usada integralmente para cobrir o encarecimento do empréstimo para o banco. Entre as várias operações afetadas, o crédito pessoal apresentou forte aumento do spread. Nos nove primeiros dias de dezembro – apenas quatro úteis com as novas regras – a margem cobrada nessa operação subiu 0,8 ponto, para 30,9 pontos porcentuais.

– Pode ser o início do efeito – diz Altamir.

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Essa elevação respondeu por boa parte da alta do juro cobrado na operação, que subiu 1,2 ponto em apenas nove dias, para 43,2% ao ano. Na média de todas as operações para pessoas físicas, o juro subiu para 39,2% em 9 de dezembro.