– Falamos de inclusão, mas não nos sentimos incluídas porque não conseguimos nem atravessar uma rua. Me senti um nada. Fico pensando nos deficientes que são cadeirantes a vida toda.

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A reclamação é da psicopedagoga Lenice Ramos Dutra que na semana passada teve de levar a filha de 18 anos ao Ambulatório de Ortopedia do Hospital Santo Antônio. A jovem havia sofrido um acidente de moto. De lá teve de ser levada ao outro lado da rua, a cerca de 200 metros, para fazer exame de Raio-X.

O problema está no trajeto: calçadas esburacadas, sem pisos em alguns locais, valetas à beira do asfalto prejudicando a travessia e uma pequena elevação na ilha de segurança, que também complica o acesso.

– Eu sozinha não consegui levar a minha filha na cadeira de rodas – recorda Lenice.

Para levar a jovem até a sala de exame, ela teve de contar com ajuda de outras duas mulheres. Na volta para o Ambulatório de Ortopedia, só conseguiu porque um homem se prontificou a ajudá-la. Ontem, José Santiago também reclamava do trajeto para o exame. Ele teve de levar na cadeira de rodas a mãe de 89 anos, que havia quebrado o fêmur.

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Há dois meses, Ana Maria Fortunato sofreu fratura na tíbia direita. Ela conta que teve de ser levada pela beira do asfalto, do ambulatório até o hospital, porque a cadeira de rodas não passava na calçada.

::: E agora?

Em nota, a gerente geral do hospital, Izabel Cristina Casarin, disse que o Ambulatório de Ortopedia está em um prédio alugado desde 2010 e que aguarda o fim da construção de uma nova unidade no segundo semestre de 2015, que abrigará também o ambulatório. Sobre as calçadas, informou que um projeto dentro dos parâmetros de acessibilidade está em fase de aprovação e deve ser executado em dezembro.

O secretário de Planejamento, Alexandre Gevaerd, reforça que a manutenção das calçadas é de competência dos donos dos imóveis. Ele afirma que a prefeitura notifica os proprietários e, em caso de descumprimento, aplica multas a partir de R$ 600.