Pacientes de média e alta complexidade, oncológicos terminais, que precisam de medicações parenterais intravenosas ou intramusculares, curativos complexos, suporte de nutrição, fisioterapia de reabilitação ou cuidados paliativos, podem trocar o ambiente hospitalar pelos cuidados em casa, junto à família.

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O atendimento faz parte do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) da Secretaria de Saúde de Joinville (SS), vinculado ao Hospital São José e realizado com recursos do Ministério da Saúde.

À frente do trabalho está a Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar (Emad) formada por dois médicos, um enfermeiro, cinco técnicos em enfermagem, um agente administrativo, um fisioterapeuta e dois motoristas. O serviço conta, ainda, com o apoio das equipes de serviço social, nutrição e de uma psicóloga, todos pertencentes ao quadro de profissionais do Hospital São José.

O SAD funciona de segunda a sexta-feira, das 6h30 às 22 horas, e aos sábados, das 6h30 às 18h30 horas. A frequência das consultas domiciliares depende do quadro do paciente e pode chegar a até duas ou três visitas diárias, para casos de administração de antibióticos, por exemplo.

Além disso, o serviço dispõe de uma linha de comunicação por meio de aplicativo de mensagem que fica permanentemente ativo para contato das famílias em situações emergenciais.

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– As famílias são orientadas a acionar o Samu, caso aconteça uma situação de urgência ou emergência, onde não saibam como proceder ou se a nossa equipe não tiver disponibilidade de atendimento imediato – explica a médica do SAD, Samantha Brandes.

O atendimento em domicílio inclui medicação, coleta de materiais para exames laboratoriais (sangue, urina, fezes etc), realização de curativos, suporte nutricional, reabilitação com fisioterapia, entre outros. A remoção do paciente para o hospital acontece apenas em casos esporádicos, para a realização de exames ou procedimentos específicos.

De acordo o Ministério da Saúde, a recomendação é que haja uma equipe do SAD disponível para cada 100 mil habitantes, sendo que cada uma atende a até 60 pacientes.

Seguindo a orientação, Joinville poderia contar com até seis equipes atuantes. No entanto, o município dispõe atualmente de uma equipe de SAD e atende a até 80 pacientes por mês.

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– Inicialmente, Joinville já teve sete equipes do SAD. Hoje trabalhamos acima da capacidade máxima. O recurso repassado pelo Ministério da Saúde, de R$ 56 mil, serve como um incentivo. Um paciente custa, em média, R$ 1,2 mil por dia dentro do hospital, em casa o custo é muito menor. O município arca com todas as despesas de medicações, carros, material, equipe médica. Nosso desejo é que o Ministério da Saúde amplie o número de equipes para Joinville – afirma Samantha.

Além da redução de custos para a rede de saúde pública e da qualificação do atendimento oferecido, outro importante benefício garantido pelo SAD é a humanização do cuidado com o paciente que é acompanhado na segurança do seu domicílio, próximo à família, com vínculo aos profissionais da Emad e acesso à saúde de qualidade.

O programa acompanha o paciente desde a transferência da sua internação hospitalar para o atendimento domiciliar, realiza o atendimento em casa durante todo o período de tratamento, faz o vínculo com a família e oferece segurança até o momento do seu retorno para a atenção básica ou, ainda, do óbito domiciliar.

Embora seja excelente alternativa sob os aspectos humano e econômico, o SAD é indicado para pacientes que atendem a alguns requisitos.

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Entre eles estão: pacientes acamados há bastante tempo ou em estágio terminal, pacientes em reabilitação com prognóstico a ser investido, pacientes agudos, sem condições físicas e clínicas de se deslocar ao ambulatório de cuidados paliativos e, sobretudo, que tenham rede familiar capaz de garantir segurança ao paciente e ao trabalho da equipe médica.

Anjos em casa

Lucia é paciente oncológica do Hospital São José desde 2017
Lucia é paciente oncológica do Hospital São José desde 2017 (Foto: Rogério da Silva, Secom)

Desde o mês de março, a aposentada Lucia Dingueleski dos Santos, de 60 anos, é uma das pacientes acompanhadas pela equipe do Serviço de Atendimento Domiciliar.

Paciente oncológica do Hospital São José desde 2017, Lucia se recuperou de um câncer de pele agressivo, mas no início deste ano sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) que comprometeu seu sistema neurológico. Ficou acamada e foi identificada com o perfil de atendimento pelo SAD.

– Ela tinha úlceras de pressão muito graves nos glúteos e fêmur. As lesões mais graves que já atendemos no hospital. Fizemos a desbridação (retirada dos tecidos mortos) e ela iniciou um ciclo de 30 dias recebendo antibiótico endovenoso. Um tratamento que custa cerca de R$ 10 mil. Ela é uma paciente vinculada ao Hospital São José, mas recebe o tratamento em casa – conta Dra. Samantha.

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O grave quadro de saúde de Lucia mudou totalmente a rotina da família. Com problemas de coluna, o marido Hamilton dos Santos, de 58 anos, não consegue atender a esposa sozinho. Por isso, a filha do casal, Andrea Miranda dos Santos, deixou sua casa e seu marido cadeirante em Florianópolis (SC) e veio para Joinville morar com os pais.

Para ela, a oportunidade de ter a mãe atendida pelo SAD foi uma grande conquista.

– Poder cuidar dela em casa é maravilhoso. No hospital é muito complicado, tenho uma filha pequena, meu pai também tem problemas de saúde e no hospital a gente não pode fazer muita coisa. Aqui ela se sente muito melhor, a gente conversa, ri, tem as netas e os cachorrinhos por perto, meu irmão que é especial também está perto da mãe. Às vezes, se tenho uma dúvida, chamo eles pelo whatsapp e me orientam. A gente se sente muito segura – completa.

A enfermeira do SAD, Liliani Azevedo ressalta:

– Se a D. Lucia não estivesse conosco, certamente estaria dentro do hospital, não seria uma paciente para ser absorvida pela atenção básica ou pelas Unidades Básicas de Saúde Familiar (UBSF). E ela também foi admitida no programa por ter rede familiar e a atenção do marido e da filha.

– Eles já são da família. São uns anjos que todos os dias entram aqui em casa – completa o marido de D. Lucia, Hamilton dos Santos.

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Serviço de referência

Mesmo trabalhando além da sua capacidade, o Serviço de Atendimento Domiciliar de Joinville pode ser considerado referência no país.

– A complexidade do atendimento que oferecemos, o atendimento de pacientes terminais, o suporte a pacientes que precisam de oxigenoterapia domiciliar, nossa equipe que trabalha com ações complexas, são diferenciais do SAD, em Joinville – afirma a médica Samantha Bredas.

Além disso, ela destaca que o fato de o Serviço estar vinculado ao Hospital São José possibilita à equipe o acesso a medicamentos, antibióticos potentes e procedimentos diferenciados, sempre administrados perante a prescrição do médico que atende o paciente.

– Seria muito bom se o Serviço de Atendimento Domiciliar pudesse ajudar mais pessoas. Ele faz toda a diferença na nossa vida – conclui Andrea, filha de D. Lucia.

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