Desde 16 de março, Florianópolis encontra-se em emergência por causa da dengue. Até sexta-feira, eram 1.314 casos positivos, 43 internações e uma morte. A procura nos postos de saúde aumentou e em algumas unidades ampliaram o horário de atendimento. Enquanto isso, o protocolo da vigilância epidemiológica municipal determina que toda pessoa que fizer o primeiro exame fica condicionada a um segundo. Mesmo que o resultado seja negativo. Quem não fizer está sujeito a uma multa de R$ 250,00.
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Até a tarde desta segunda-feira, 3 de abril, tinham sido emitidas 62 notificações.
— Primeiro a gente envia um auto de intimação com um prazo de 10 dias para a pessoa cumprir o que foi determinado pela vigilância epidemiológica. Todo o processo cai no sistema, e se não for obedecido enviamos uma multa no valor de 250,00 — explica Lani Martinello, diretora de Vigilância em Saúde.
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O paciente tem direito a uma defesa. O objetivo da norma é ter um diagnóstico mais preciso e alertar a população sobre a gravidade da dengue:
— Estamos enfrentando uma doença sorrateira, onde o paciente pode ficar mal de uma forma muito rápida e até perder a vida. No caso de um segundo teste, esse ajuda o sistema de saúde a rastrear os casos e fazer uma varredura nos focos do mosquito Aedes aegypti — observa Lani.
Quando o segundo exame não é realizado, o caso entra para o rol dos inconclusivos. De certa forma, isso impacta nas políticas de prevenção por fazer baixar os números mascarando a realidade.
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Rotinas de emprego e demora nos resultados dificultam retorno aos postos
Na prática, a pessoa coleta o primeiro exame – o NS1 – nos primeiros cinco dias da doença. Mas devido à demanda, o resultado está demorando em torno de sete dias. Se der negativo, as equipes entram em contato com a pessoa para ela fazer um segundo exame. O problema é que em muitos casos o paciente já está melhor e retomou suas rotinas. Foi o caso de uma moradora do bairro Coqueiros que aceitou a falar com a reportagem desde que seu nome não fosse revelado:
— Eu fiz o primeiro teste, mas o resultado levou 12 dias e quando saiu eu já estava bem. Fiquei uma semana em casa e como trabalho no comércio não tive como fazer um segundo exame — explicou.
Há pacientes que preferem pagar a multa do que fazer um segundo teste:
— Eu discordo da norma. Se não sou obrigada a tomar vacina, por que terei que fazer um segundo exame que deu negativo? — pergunta uma moradora dos Ingleses que disse preferir pagar a multa.
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Há também quem reclame da lentidão dos serviços de saúde para atender a população:
— Se querem que repita o teste, então que sejam ágeis e não dar um resultado 10, 12 dias depois. Isso afasta a gente dos postos de saúde, pois se perde muito tempo — sugere a moradora do Pantanal.
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