A família do aposentado Ivo Lana, de 69 anos, passou sete horas de angústia até conseguir um leito de UTI em Joinville. O paciente, que é diabético e hipertenso, chegou às 14 horas desta quarta-feira ao PA Sul com falta de ar e pressão baixa. O médico-plantonista que o atendeu, Alexandre Duarte Baumer, ligou perto das 19h20 para o jornal “A Notícia” denunciando que o paciente precisaria estar em uma UTI por causa da insuficiência cardíaca e o risco de infarto, mas não havia vagas no Hospital Regional.

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Segundo o plantonista, no PA, o paciente foi submetido à ventilação manual e recebeu medicação para controlar a pressão. Mas a ventilação manual prolongada pode causar danos sérios ao pulmão porque não se consegue ter um controle, alerta Alexandre.

– Ele já deveria estar em uma UTI porque precisa de exames mais apurados. Pode ser que necessite de uma angioplastia, um cateterismo, por exemplo -, completa.

O médico lembrou que ligou duas vezes, na tarde desta quarta, para o Regional em busca de vagas e ouviu que deveria aguardar porque naquele momento não havia lugar disponível. Ele também disse que ligou para o Samu para providenciar um leito.

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O secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, disse que o pedido pela vaga de UTI ocorreu só no início da noite de quarta-feira e não à tarde, conforme o médico do PA informou.

Horas de angústia

Depois de sete horas, a esposa de Ivo, Maria Lana, 70, ficou aliviada quando os enfermeiros anunciaram que o Samu conseguiu uma vaga, próximo das 21 horas, no Hospital Regional. Uma das filhas, Adriana Lana, de 32 anos, acompanhou o pai desde o primeiro momento quando ele começou a passar mal em casa. Com a voz embargada, contou como foram as horas de angústia da família.

– Quando descobrimos que não havia vaga, meu irmão começou a ir atrás de ajuda, procurou o Ministério Público e advogados que pudessem entrar com uma ação para conseguir um leito de UTI -, relatou.

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No momento da transferência, uma enfermeira informou que, de acordo com o último diagnóstico feito no PA, o paciente estava com edema agudo pulmonar e permanecia entubado. Ele foi transferido por volta de 21h15 ao Regional.

Contrapontos

Hercílio Fronza, diretor do Hospital Regional

Para o diretor, o médico do PA deveria ter entrado em contato com o médico da UTI do Regional e explicado minuciosamente o caso, até para saber qual é o tipo de pacientes e que recursos o hospital terá de mobilizar.

– A discussão do caso entre o médico que está encaminhando o paciente e o médico que está recebendo é uma dinâmica. Isso é norma do conselho federal -, reforça.

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Hercílio colocou, ainda, que os pacientes de uma UTI são instáveis e, por isso, não é possível dizer qual é a condição da unidade a todo o momento. Ele acrescentou, ainda, que hoje praticamente não existem UTIs com leitos disponíveis em Joinville, no Estado.

– É preciso administrar os leitos. Não se cria uma vaga em um passe de mágica.

Dalmo Claro de Oliveira, secretário do Estado de Saúde

Segundo o secretário, o pedido para uma vaga de UTI só foi feito ao Regional no início da noite e foi providenciado o leito. Mas ele aproveitou para fazer um desabafo:

– Agora virou mantra. O Regional é culpado por tudo, tem de providenciar vaga. Não podemos esquecer que há uma gestão municipal da Saúde e que todos são responsáveis -, pondera.

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O secretário fez questão de dizer que o Regional tem uma boa qualidade de atendimento, mas que está superlotado. Para amenizar essa situação, voltou a lembrar que em 30 dias deve ser aberta uma licitação para reforma, o que vai aumentar a capacidade de leitos. Ele não quis, porém, dar uma data para esses leitos entrarem em atividade.

– Não me arrisco a fazer uma previsão, mas é questão de meses.”