Overbooking no transporte marítimo

As crises econômicas no sistema capitalista são cíclicas e trazem consequências em diferentes segmentos. No transporte marítimo internacional, o impacto é imediato e com consequências duradouras, pois afeta o volume transportado no presente e compromete o plano de investimento das companhias para o futuro. A discreta recuperação na economia tem pressionado a oferta de transporte e muitas empresas começam a enfrentar problemas que há tempos não víamos no Brasil.

Overbooking é uma palavra bastante conhecida no transporte aéreo de passageiros e teve um grande impacto no transporte marítimo no início do século 21 com as exportações brasileiras para os EUA, quando a oferta de espaço estava muito abaixo da demanda. Desde a grande crise em 2008, o fluxo de carga mundial reduziu e os investimentos das companhias foram cancelados, iniciando um ciclo na navegação que culminou com a falência de grandes empresas e megafusões de outras.

Neste período, o overbooking ficou completamente esquecido, mas tem ganhado força desde 2016 com a retomada do volume de importação e o aquecimento nas exportações. Mesmo com o agendamento antecipado de embarques, muitos exportadores não conseguem espaço nos navios e precisam esperar um novo agendamento para movimentar mercadorias.

Na importação, a falta de espaço se intensificou no final de 2016 e com consequências mais profundas percebidas a partir de fevereiro deste ano, com o incremento dos volumes embarcados pré-feriado chinês. A verdade é que a atual crise de escassez de espaço e de contêineres é mundial e não se resolve no curto prazo. Como saída para o problema, recomenda-se adotar uma estratégia de antecipação na programação de embarques. Neste desafio, é crescente a utilização do agente de carga, com a terceirização de uma etapa do processo, reduzindo o custo fixo e ganhando no expertise. De forma estratégica, a utilização do agente assegura a participação de especialistas na gestão do transporte que conduz os embarques, de modo a superar os desafios que a logística apresenta.

*Rodrigo Viti é gerente de vendas

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