Professora desde 1991, Lígia Nascimento leciona para a turma da noite na qual o vídeo foi gravado e para outras seis turmas de 7º ano do ensino fundamental. Segundo ela, nunca teve problemas com os alunos menores. A professora de matemática foi filmada em sala de aula discutindo com alunos e acabou afastada temporariamente da turma.
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Os alunos são do 2º ano e estudam à noite na Escola Municipal Maria Luiza de Melo, em São José, Grande Florianópolis. A suposta agressão verbal aconteceu semana passada e veio à público nesta quinta-feira, por meio de um vídeo gravado em sala de aula pelos próprios alunos.
Confira a entrevista com a professora de matemática:
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Diário Catarinense – O que aconteceu na sala de aula, professora?
Lígia Nascimento – Primeiro gostaria de dizer que estou muito decepcionada. Não autorizei a filmagem do vídeo. Foi colocado indevidamente na internet. Nem sabia que eles (alunos) estavam gravando. No vídeo só aparece o que interessa para eles. A parte que pedi para a Juliana (aluna retirada da sala) desligar o computador não saiu. Os alunos começaram a tirar sarro. Pedi “por favor” várias vezes para ela desligar. Ela responde grosseiramente que não estava na internet. Não consegui dar aula de tanta bagunça.
DC – A senhora já teve problemas com essa turma?
Lígia – Tem professor que desistiu de trabalhar naquela turma. Não suportam mais. Os professores sofrem todo tipo de ataque. É a pior turma. Os alunos não respeitam, fazem baderna, conversam durante a aula e são unidos nisso. Não permitem que o professor trabalhe. E nós temos um conteúdo para cumprir.
DC – A senhora acha que exagerou ao falar o palavrão para a aluna?
Lígia – O problema todo é que toda atitude implica numa reação. A atitude de todos de faltar com respeito, chega uma hora que a pessoa explode. Tenho hábito de falar com força sobre a responsabilidade dos pais. Me passei falando o palavrão, mas se não falasse, teria uma síncope cardíaca. Os outros professores desistiram. Muitos acabam doente. E o aluno marginal, desordeiro vai ganhando com isso. E o colégio perdendo para o traficante que está ali na rua. Cada vez mais aumenta a incidência de crimes entre adolescentes, de modo geral. Os pais e a escola perderam a autonomia.
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DC – O que a senhora achou de ser afastada?
Lígia – Deixaram a meu critério ficar ou não. Sei que os alunos foram incitados a fazer a filmagem pela mãe de uma das alunas. Foi esta aluna que gravou o vídeo. A mãe dela trabalha no colégio e teve uma briga feia comigo no dia anterior ao vídeo. Ela foi discutir comigo e perguntar por que a filha estava indo mal em matemática. Eu disse: pergunta para ela, quem sabe ela não está estudando.
DC – Por que a senhora é professora?
Lígia – Porque gosto muito da minha profissão.
Assista ao vídeo gravado pelos alunos:
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