Eu é que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar. As palavras não são minhas, são do Raul Seixas, na música cujo título empresto para lembrar aos times de SC da necessidade de sair à luta na busca de novos valores. Eis que temos mais uma Copa São Paulo de Futebol Júnior e, novamente, times de Rio, SP e RS vão se consagrar utilizando jogadores garimpados em solo catarinense. Nossos representantes têm poucas chances no torneio. Eles levam o ouro, nós ficamos com cara de tolo. Exemplos Quando não vemos nossos futuros craques serem levados ainda no berço, esquecemos de valorizar os que conseguimos descobrir. No Avaí, time que mais revela valores – e que não consegue ir à Copa São Paulo, uma injustiça – há uma inexplicável má vontade da torcida para com os pratas-da-casa. O caso de Luizinho é clássico. O técnico Cavalo vê nele potencial, como de resto quem entende de futebol, mas a torcida o vaia insistentemente. Garimpo O trabalho de garimpo de jovens é o investimento de médio prazo mais rentável no Brasil. Aqui por SC, clubes como Grêmio, Inter, Vasco, Flamengo, Atlético-PR, Palmeiras, São Paulo e Santos, entre outros, mantêm escolinhas, olheiros e uma verdadeira máquina de descobrir talentos. O resultado é fabuloso. Fábio Pinto, por exemplo, que saiu de Itajaí direto para o Inter, e Leandro Machado, ex-Inter e Flamengo, são exemplos recentes. Soluções 1 Procuro soluções para situações semelhantes a de Vasco e São Caetano. A mais salomônica foi em Rio Grande (RS). Não bastasse ser o clube mais antigo do Brasil, o Rio Grande ainda garantiu lugar na história com um fato inusitado. Em 1940, o clube e o rival São Paulo decidiram a Taça Confraternização, um torneio criado também com a participação do Riograndense para pacificar o futebol na cidade. Na final foram quatro partidas, todas empatadas. O troféu foi serrado ao meio e metade entregue a cada clube. Vamos serrar a João Havelange? Soluções 2 A memória me remete a algumas situações constrangedoras que até hoje não têm uma solução das mais palatáveis. Primeiro, aquele título decidido entre Santos e Portuguesa, em que o árbitro Armando Marques, em 1973, errou a contagem dos pênaltis, e deixou São Paulo sem campeão. Ou melhor, com dois campeões, o Peixe e a Lusa. E em 1987, o Flamengo não aceitou jogar com o Sport, ficando o rubro-negro carioca como campeão moral e o Sport como campeão oficial para a CBF. E agora? A voz do Vasco O leitor Jorge Gouveia, torcedor vascaíno, liga para lembrar um fator importante. É preciso não confundir o Vasco com o Eurico Miranda. Diga-se de passagem, o Vasco mereceu chegar à final. Faltou dizer “Quem sabe todo este final trágico da Copa JH tenha sido o “prêmio” maior para os “grandes” que, para evitar quedas para a segunda divisão, armaram um campeonato em que ninguém caía. E quem caiu foi a torcida.” Palavras do meu amigo Lucio Haeser.
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