Áudios obtidos pela reportagem da NSC TV revelam investigados da Operação Presságio, que apura suposto esquema de corrupção na coleta de lixo e em pagamentos a organizações sociais na prefeitura de Florianópolis, conversando sobre supostos desvios de verbas destinadas a eventos esportivos.

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Os áudios são citados em uma representação apresentada pela Polícia Civil à Justiça para pedir a prorrogação do afastamento dos investigados dos cargos públicos até o fim da investigação. O pedido foi atendido esta semana, com uma decisão favorável divulgada na segunda-feira (19).

As conversas mencionam os principais pontos da investigação citados pela Polícia Civil, obtidos após análise preliminar no celular de um dos investigados, Renê Raul Justino, ex-diretor de Cultura da Fundação Franklin Cascaes, órgão ligado à Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes da Capital. Entre eles estão uma suposta divisão de recursos destinados a eventos esportivos e até um estacionamento ilegal criado na Festa Nacional da Ostra (Fenaostra), em novembro do ano passado. Confira abaixo:

Desvio de recursos para eventos esportivos

Em um dos áudios obtidos pela investigação, Renê falaria com um interlocutor do ramo de lutas sobre uma prática de realização de eventos esportivos, com recursos da prefeitura, em que parte dos valores seria desviada para ser repassada ao chefe dele, o então secretário Ed Pereira. Segundo Renê, o dinheiro ajudaria o secretário a pagar dívidas de campanha. Ouça:

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Estacionamento com moradores de rua na Fenaostra

Outros áudios divulgados mencionam uma polêmica sobre um suposto estacionamento ilegal montado pelo grupo de Ed Pereira e Renê Raul Justino na Fenaostra, em novembro de 2023. Na ocasião, Renê falaria a Ed sobre uma abordagem da Polícia Militar questionando se a cobrança dos valores aos motoristas seria para o poder público ou para uma empresa privada e outras perguntas. Renê afirma que pediu para retirar a máquina de cartão que era usada para a cobrança.

Em outro áudio, após ser questionado por Ed Pereira se a continuação da cobrança do estacionamento “valeria o risco”, Renê responde acreditar que não, e que durante parte da primeira noite moradores de rua, acolhidos no abrigo da Passarela da Cidadania, é que haviam ficado responsáveis por vistoriar os carros. Ouça os áudios:

Contrapontos

Renê Raul Justino

A defesa do ex-diretor de Cultura da Fundação Franklin Cascaes, Renê Raul Justino, informou à reportagem que teve acesso somente nesta terça-feira (20) ao pedido do Ministério Público de prorrogação dos afastamentos dos investigados, e que o pedido é basicamente fundamentado em algumas conversas entre Renê e outras pessoas.

“O que há nos autos até então são relatórios policiais que apenas fazem menção a conversas supostamente mantidas entre Renê e outras pessoas, mas essas conversas ainda não foram trazidas de forma oficial aos autos, ou seja, através dos respectivos laudos técnicos, quando então a defesa poderá constatar a autenticidade de tais mídias, a forma pela qual foram adquiridas, de que maneira foi, ou não, respeitada a cadeia de custódia. Até então o que temos são relatórios nos quais os policiais disseram haver conversas, mas ainda não está oficialmente comprovado o que de fato existe, o que não nos permite uma manifestação minimamente segura a respeito”, afirmou a defesa, em nota.

Ed Pereira e Samantha Santos Brose

A defesa de Ed Pereira e Samantha Santos Brose, esposa do ex-secretário, afirma em nota que “O material apreendido na busca e apreensão ainda está em análise preliminar. A defesa tem ciência da decisão proferida que renovou o afastamento dos cargos, porém não teve acesso a íntegra das provas objeto de análise. No momento oportuno tudo será esclarecido, com o fito de elucidar o caso e demonstrar a inocência do Sr. Edmilson e Sra. Samantha. Estamos confiantes que se fará Justiça, ante as infundadas acusações”.

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