Provas mais fortes do envolvimento do médico Leandro Boldrini no assassinato do próprio filho, o menino Bernardo Uglione Boldrini, escutas telefônicas interceptadas pela Polícia Civil durante as investigações do crime revelaram conversas entre familiares de Graciele Ugulini, madrasta do garoto, confirmando o envolvimento de Boldrini no homicídio. Em um deles, o padrasto de Graciele – identificado como Sérgio -, fala que não tem dúvidas de que Boldrini é o mentor ideológico:
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“O mentor ideológico é ele (Leandro Boldrini). Eu não tenho dúvida disso. Essa certeza que a delegada tem eu também tenho”.
Ouça a gravação:
As escutas telefônicas foram divulgadas durante uma entrevista coletiva do Ministério Público nesta quinta-feira em Três Passos. O órgão ofereceu denúncia contra Leandro, Graciele e Edelvania Wirganovicz por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Leandro Boldrini foi denunciado, ainda, por falsidade ideológica. Além disso, Evandro Wirganovicz – irmão de Edelvania – foi denunciado por ocultação de cadáver.
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Nas interceptações telefônicas, Sérgio comenta com uma mulher chamada Magali sobre o depoimento de Graciele inocentando o médico. “Ele vai acabar saindo, né. Ela inocentou ele, mas acho que isso aí é jogo dos advogados”.
Veja o diálogo:
Sérgio – Nada me faz pensar diferente. Até pelas cinco, seis vezes que eu convivi ajudando na procura do Bernardo, que eu convivi com o Leandro.
Magali – Leva a crer e ter certeza de que…
Sérgio – Que o mentor ideológico é ele. Eu não tenho dúvida disso.
Magali – Com certeza.
Sérgio – E ele vai acabar saindo. Ela inocentou ele, né, no depoimento.
Magali – Isso que eu não entendi por quê.
Sérgio – Acho que é jogo dos advogados.
Magali – Mas tu viu que a delegada tem certeza do envolvimento dele. Alguma coisa ela tem que que ter.
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Sérgio – Mas a certeza que ela tem, eu também tenho.
Em outro áudio apresentado pelo Ministério Público, Sérgio conversa com o filho Leonardo sobre a carta que Graciele enviou, em que inocenta o médico. Ele afirma que os advogados de defesa se reuniram para discutir estratégias e volta a reafirmar a participação de Leandro Boldrini no assassinato.
Veja o diálogo:
Leonardo – Pai, mas o Leandro tem a ver, né?
Sérgio – Claro, mas ela mandou uma carta ontem para a Simone inocentando ele. Mas os advogados se reuniram na semana passada para ver uma estratégia para ele sair de tudo, né, e ela fica pagando lá e depois dá um jeito.
Leonardo – Vai ficar dez anos, né?
Sérgio – Não fica dez, fica cinco, seis anos. Cada dia trabalhado, três dias trabalhado, desconta um.
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Leonardo – É, então se fica dez anos, vai descontando, fica sete.
Sérgio – Aí, fica sete, né.
Leonardo- Depois, mais o bom comportamento e tal vai pro semiaberto.
Na terceira gravação revelada na entrevista coletiva, o MP mostrou que a irmã de Graciele, Simone Ugulini, conversa com uma mulher não identificada e comenta que Leandro fez uma “lavagem cerebral” na madrasta e deve ter enlouquecido ela.
Veja o diálogo:
Mulher – Ele pilhou a Keli (apelido da madrasta).
Simone – Não, a Keli não é assim. A gente conhece a minha irmã.
Mulher – Ele enlouqueceu ela, Simone, como deve ter enlouquecido a Odilaine (Uglione, mãe de Bernardo que teria cometido suicídio em 2010). Não sei, uma lavagem cerebral. Ele deve ter enlouquecido ela como enlouqueceu a outra.
Simone – É.
Mulher – Sei lá o que ele faz. Não sei, não sei.
Simone – Lavagem cerebral.
De acordo com a promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira, há um conjunto de interceptações telefônicas que montam um quebra-cabeça do envolvimento direto de Leandro Boldrini no assassinato. Apenas três foram divulgadas, e as demais estão anexas ao inquérito policial, que chegou a 15 volumes e mais de 2 mil páginas. A Justiça deve se pronunciar se aceita ou não a denúncia até a sexta-feira.
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