Forças especiais da missão da Otan no Afeganistão foram enviadas a Kunduz para ajudar o exército a reconquistar a cidade estratégica do norte do país, controlada pelos talibãs.
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“Forças especiais da coalizão estão em Kunduz para assessorar os colegas afegãos”, disse o porta-voz da Aliança Atlântica, o coronel americano Brian Tribus.
Os soldados são, sobretudo, militares de elite americanos, britânicos e alemães, que integram o grupo de 13.000 soldados estrangeiros ainda presentes no Afeganistão.
O número exato de militares enviados a Kunduz não foi revelado.
As forças americanas executaram três bombardeios desde terça-feira, dois nos subúrbios de Kunduz e outro perto do aeroporto.
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Apesar do apoio aéreo da Otan, o exército afegão encontra dificuldades para fazer frente aos talibãs, que conseguiram se aproximar do aeroporto de Kunduz.
A cidade continuava em grande parte sob controle talibã, 48 horas depois de sua reconquista pelos insurgentes, um revés muito grave para o presidente Ashraf Ghani.
Os rebeldes circulam pela cidade em veículos policiais e carros da Cruz Vermelha roubados, prometendo aplicar sua versão ultra-rigorosa da sharia, a lei islâmica.
A partir do aeroporto, situado a menos de 10 km do centro, as tropas governamentais lançaram sua contraofensiva na noite de terça, mas ao longo da madrugada, os talibãs conseguiram avançar e os arredores viram palco de combates.
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Novos bombardeios permitiram conter os combatentes islamitas, mas os soldados esperam por mais reforços porque já não podem contar em terra com o apoio das tropas da Otan, que desde dezembro concluíram sua missão de combate.
Mas no terreno há soldados das forças especiais dos países da Otan, que apoiam os soldados afegãos.
Segundo uma fonte militar ocidental, são soldados de elite americanos, britânicos e alemães.
“Os talibãs colocaram minas e explosivos em torno de Kunduz. Isso atrasa a passagem dos comboios do exército afegão que se dirigem para a cidade”, observou um alto funcionário governamental.
A tarefa do exército em Kunduz é muito difícil porque “o inimigo usa os habitantes como escudos humanos”, explicou também o presidente Ghani.
Apesar da dificuldade de verificação das informações sobre o número de vítimas, o ministério da Saúde fala de 30 mortos e 200 feridos.
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Segundo os serviços de informação afegãos, os bombardeios perto do aeroporto mataram Mawlawi Salam, chefe dos talibãs na província de Kunduz, seu adjunto e outros 15 combatentes.
Os talibãs mandaram os habitantes de Kunduz retomar “sua vida normal”, em um vídeo em que são vistos colocando sua bandeira branca no centro da cidade.
A ideia de uma volta do regime talibã, especialmente discriminatório em relação às mulheres, faz tremer os habitantes locais.
“Temos medo de sair de casa, de que os talibã nos agridam”, declara Sadiqa Sherza, diretora de uma rádio.
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O mulá Akhtar Mansur saudou a “grande vitória” de seus combatentes. Sua nomeação em julho frente aos talibãs depois do anúncio de seu predecessor, o mulá Omar, provocou um adiamento sine die das negociações de paz iniciadas com Cabul.
A tomada na segunda-feira de Kunduz pelos talibãs aconteceu nove meses depois da saída da maior parte dos soldados da Otan do país, onde permaneceu apenas uma missão residual para o treinamento das tropas afegãs.
Kunduz, uma cidade estratégica, é a primeira localidade retomada pelos talibãs desde a queda de seu regime em 2001.
* AFP